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TRATAMENTO

Jovem soropositivo que contraiu covid-19 conta como superou a doença

27 maio 2020 - 09h29Por R7

Não existem evidências de que pessoas soropositivas para HIV são grupo de risco para a covid-19, afirma o infectologista Rodrigo Zilli, da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). “O que acontece é que uma parcela das pessoas com HIV possui outras comorbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares, que aí sim são fatores de risco para casos mais graves.”

O cientista político Diego Callisto, 29, é soropositivo há mais de 10 anos. Em março foi diagnosticado com covid-19 e em cerca de 15 dias já tinha se recuperado de quase todos os sintomas. “O que me ajudou muito foi a meditação e a terapia, a gente fica muito desesperado, ansioso, sofrendo por antecipação.”

Ele conta que o primeiro sintoma a aparecer foi a tosse seca, depois veio a febre, dor no corpo e de cabeça e a falta de paladar. “Os sintomas vão sumindo gradativamente, a gente aprende a comemorar uma vitória a cada dia.”

Diego está fazendo fisioterapia para minimizar o que ele escolheu chamar de desfecho. “A dor no peito ainda não passou, mas não digo que é uma sequela, é um trauma que o vírus deixou no corpo. A fisioterapia faz eu me sentir bem, assistido de alguma maneira.”

O médico explica que um diagnóstico precoce do HIV é essencial no tratamento e no controle da carga viral. “Dependendo de quando diagnostica, já se inicia o tratamento, e a pessoa nunca vai vir a desenvolver Aids.”

“O tratamento é o nosso principal aliado, inclusive, na luta contra o coronavírus”, afirma Diego.

O HIV é controlado por meio da verificação da presença da CD4, uma das principais células do sistema imunológico. Se ela estiver abaixo de 200 células por milímetro cúbico (mm3), o paciente está em uma situação de imunodepressão e pode vir a ter complicações mais graves diante de uma infecção por coronavírus.

“Ela combate praticamente qualquer tipo de infecção, bacteriana, viral, é responsável pela proteção das células. Ainda não temos informações específicas sobre a defesa contra a covid-19, mas pacientes imunossuprimidos são grupo de risco e esperamos piores desfechos nesses casos.”

Segundo o infectologista, os pacientes de covid-19 soropositivos com carga viral indetectável estão evoluindo da mesma maneira que o restante da população sem fator de risco. “Tem pessoas que evoluem bem e uma parte que pode se agravar, mas não vemos maior incidência de casos Hograves nesses pacientes.”

Além disso, o médico explica que é pouco provável que a covid-19 descontrole a carga viral do HIV. “Algumas doenças causam um escape do vírus, qualquer situação que pode levar a uma sobrecarga do sistema imunológico pode levar a um pequeno aumento, não é comum, mas é possível e assim que a pessoa se recupera, o HIV volta a ser indetectável, se o tratamento estiver ok.”

Diego teve uma pequena alteração no CD4 durante a coinfecção por coronavírus. “Mas é normal, uma pequena oscilação, meu corpo está combatendo dois vírus. Eu já tive outras e nosso sistema imunológico sempre se recupera. Eu ainda não levei os novos exames na consulta, mas eu olhando já consigo ver que melhorou, que os números subiram.”

Zilli enfatiza a importância de seguir com o tratamento adequado do HIV para evitar possíveis complicações. “Os efeitos colaterais hoje são quase nulos e em 99% dos casos leves e toleráveis, além disso o antirretroviral é fornecido gratuitamente nas farmácias públicas.”

As farmácias disponibilizavam a dose mensal para os pacientes, diante da situação atual, a pessoa pode retirar a medicação para até três meses a depender da disponibilidade do estoque.

Além disso, o médico lembra que pacientes soropositivos podem se vacinar gratuitamente nos centros de referência de imunização com um pedido médico. “Você pode pedir para gripe, pneumonia pneumocócica e sarampo. As duas primeiras podem ser confundidas com covid-19, então é muito importante que a pessoa esteja imunizada.”

Para Diego, pacientes soropositivos não precisam ficar com tanto medo se estiverem seguindo o tratamento corretamente. “Não precisa de desespero. A gente vai conseguir passar por isso, a pessoa que vive com HIV, ela consegue passar por esse cenário. Tem o meu exemplo e tenho certeza de que tem muitos outros.”

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