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CINEMA

A Comédia que redefiniu Jennifer Aniston: uma análise da virada de carreira em 'Família do Bagulho'

24 novembro 2025 - 11h11Por Da Redação

Por mais de uma década, o mundo conheceu Jennifer Aniston primariamente como Rachel Green, a "namoradinha da América". Mesmo após o fim de Friends, sua carreira no cinema foi solidamente construída sobre comédias românticas onde ela interpretava a mulher adorável e, por vezes, azarada no amor. Mas em 2013, uma comédia despretensiosa, ácida e repleta de absurdos serviu como um divisor de águas, mostrando ao público e à indústria uma faceta da atriz que poucos conheciam. Para quem deseja revisitar essa performance e assistir familia do bagulho, disponível de graça no Mercado Play, fica claro que este não foi apenas mais um filme, mas o momento em que Aniston quebrou seu próprio molde.

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A sombra de 'Friends' e a zona de conforto da comédia romântica

O sucesso estrondoso de Friends foi, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição para seu elenco. Para Jennifer Aniston, a imagem de Rachel Green, com seu carisma, seu timing cômico impecável e seu apelo universal, era difícil de se desvencilhar. Seus papéis no cinema nos anos 2000, embora muitos bem-sucedidos, pareciam extensões dessa persona. Filmes como "Quero Ficar com Polly", "Separados pelo Casamento" e "Marley & Eu" a solidificaram como a protagonista ideal para histórias de amor e relacionamentos, sempre transitando entre o cômico e o tocante.

Ela era confiável, amada pelo público e rentável. No entanto, essa zona de conforto criava uma percepção de limitação artística. A pergunta que pairava no ar era: ela conseguiria ser algo além da garota da porta ao lado? Era preciso um papel que a tirasse completamente desse lugar seguro, e foi exatamente isso que "Família do Bagulho" ofereceu.

Rose O'Reilly: a anti-Rachel

E então, surge Rose O'Reilly. Uma stripper cínica, endividada e completamente desiludida com a vida. A personagem é o oposto polar de tudo o que Aniston havia representado até então. Rose não é doce, não é otimista e certamente não está procurando por um príncipe encantado. Ela é pragmática, sarcástica e sua principal motivação é o dinheiro que precisa para sobreviver.

Quando ela aceita a proposta absurda de um traficante pé-de-chinelo (Jason Sudeikis) para se passar por sua esposa em uma família falsa para contrabandear maconha do México, ela o faz com relutância e desprezo. A performance de Aniston brilha justamente nesse cansaço. Ela é uma mãe de aluguel relutante e cheia de sarcasmo, cujas reações às loucuras da "viagem em família" são o principal motor cômico do filme. Ela não estava mais interpretando a personagem que reage às piadas; ela era a fonte das piadas mais ácidas.

O domínio do timing cômico adulto

O que torna a performance de Aniston tão eficaz é que ela não estava apenas interpretando um novo "tipo" de personagem; ela estava operando em um novo registro de comédia. "Família do Bagulho" é um filme de humor adulto, com piadas que vão do físico ao grosseiro. Aniston abraçou esse universo sem hesitação.

A química com Jason Sudeikis é elétrica, baseada em insultos e provocações que escondem uma atração relutante. Mas é em sua interação com o elenco como um todo que seu talento cômico se sobressai. A famosa cena em que ela precisa fazer um strip-tease para distrair um cartel é um exemplo perfeito: ela mistura a sensualidade exigida pelo momento com uma camada de constrangimento e absurdo que torna a cena genuinamente hilária, e não apenas exploratória. Ela provou que seu timing cômico, afiado por dez anos em uma sitcom, era perfeitamente transferível para um humor mais ousado e anárquico.

O legado pós-'Bagulho': a porta para novos desafios

O impacto de "Família do Bagulho" na carreira de Aniston foi imediato e duradouro. O filme não apenas foi um sucesso de bilheteria, mas também serviu como uma audição para papéis mais complexos e inesperados. Ao mostrar que não tinha medo de interpretar uma personagem "não-adorável", ela abriu caminho para sua aclamada atuação dramática em "Cake - Uma Razão para Viver", que lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro e ao SAG Awards.

Mais tarde, papéis como o de Alex Levy na série "The Morning Show" solidificaram essa nova fase. Sua personagem na série da Apple TV+ é complexa, por vezes egoísta e profundamente falha — uma figura que seria difícil de imaginar a "Rachel Green" dos anos 90 interpretando. "Família do Bagulho" foi a ponte essencial, o filme que libertou Jennifer Aniston das expectativas do público e permitiu que ela explorasse toda a sua versatilidade como atriz. Ela provou que era muito mais do que a garota da porta ao lado; ela podia ser a vizinha que você definitivamente não queria, e isso era muito mais interessante de assistir.