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O que explica a vontade de comer doce após as refeições?

27 abril 2022 - 11h14Por R7 Notícias
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Se você é daqueles que termina de comer e já está de olho na sobremesa, saiba que este é um hábito muito comum, especialmente aqui no Brasil. Culturalmente, nossas refeições sempre foram sucedidas por algo doce.

Entretanto, algumas explicações fisiológicas são plausíveis para essa vontade de açúcar.

A serotonina – neurotransmissor que regula uma série de funções no corpo, incluindo o humor e os movimentos do estômago e intestino – é produzida também com a ingestão de carboidratos, especialmente doces, explica o médico José Antônio Miguel Marcondes, co-coordenador do Centro de Diabetes do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo o especialista, uma vez que nosso corpo queima serotonina durante o processo digestivo, devido ao uso nos movimentos digestivos, existe a necessidade de reposição.

Os doces, por sua vez, liberam um aminoácido necessário para a produção de serotonina: o triptofano.

"Quando você começa a comer, cérebro emite um sinal no sentido de aumentar a quantidade de serotonina. O nosso corpo precisa do triptofano para produzir serotonina, e os carboidratos são ricos em triptofano. Dos carboidratos, os que são absorvidos mais rapidamente são os doces. Parece que o cérebro emite um sinal no sentido de você procurar esses alimentos para repor o estoque da serotonina." 

Além disso, a serotonina aumenta a sensação de bem-estar, tranquilidade e felicidade, fazendo com que a experiência de uma refeição seja, para muitos, mais prazerosa com esse empurrãozinho dos doces.

O médico nutrólogo Daniel Magnoni, presidente do Imem (Instituto de Metabolismo e Nutrição), por sua vez, diz não haver evidências científicas de que precisemos de doces após as refeições.

Para ele, a principal razão é psicológica, mas também há uma busca por contrapor elementos gustativos em alguns casos.

"Se você tem uma ocupação das papilas gustativas com sal, com comidas mais secas, isso pede mais hidratação. Então, a pessoa pode sentir vontade de mais água e mais doce à medida que [a comida] tenha alta dosagem de sal e pouca hidratação."

Fugindo das armadilhas

O açúcar tem um potencial de vício semelhante ao da cocaína, o que faz com que sociedades médicas recomendem o consumo moderado.

Desta forma, é preciso estar atento para as sobremesas com excesso de açúcar não virarem um hábito ou até um exagero.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que não se ultrapasse a ingestão de 25 g de açúcar por dia. Todavia, estima-se que no Brasil esse consumo seja de mais de 50 g, na média.

Uma das recomendações de Marcondes é ter uma dieta equilibrada que inclua alimentos ricos em triptofano, mas não necessariamente doces.

Alguns deles são:

• Ovos
• Leite
• Frango e peru
• Oleaginosas (especialmente amendoim)
• Aveia
• Chocolate com alto teor de cacau (acima de 70%) em pequenas quantidades
• Frutas (com destaque para a banana)

"Se você introduz esses alimentos na refeição, um arroz integral, por exemplo, e uma fruta como a banana na sobremesa, de certa forma satisfaz esse mecanismo. Não necessariamente você precisa comer um doce, o que pode ser um problema."