Polícia mira influenciadores que lucravam com perdas de seguidores em "Jogo do Tigrinho"
7 AGO 2025 • POR • 10h44A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quinta-feira (7) a Operação Desfortuna, que investiga um esquema de promoção ilegal de jogos de azar online, como o popular "Jogo do Tigrinho". A ação tem como alvos influenciadores digitais com milhões de seguidores, suspeitos de divulgar plataformas de cassinos virtuais proibidos no Brasil.
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Entre os investigados estão os influenciadores Bia Miranda, Buarque, Maumau, além das gêmeas Paulina e Paola de Ataíde. Ao todo, são 15 investigados com cerca de 35 milhões de seguidores somados nas redes sociais.
Na casa de Maumau, em São Paulo, os agentes encontraram uma arma. Ele foi preso em flagrante.
OPERAÇÃO OCORRE EM TRÊS ESTADOS
A operação ocorre simultaneamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ao todo, foram expedidos 31 mandados de busca e apreensão. A Polícia Civil identificou indícios de crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, crime contra a economia popular e publicidade enganosa.
Segundo o delegado Renan Mello, os influenciadores usavam suas redes para promover jogos de azar travestidos de oportunidades de lucro fácil. "Eles não estavam divulgando apostas esportivas regulamentadas, mas sim caça-níqueis online, como o Fortune Tiger, conhecido como Jogo do Tigrinho", destacou.
PROMESSAS DE GANHO FÁCIL
As investigações revelam que os influenciadores prometiam lucros altos e rápidos com os jogos. Para atrair seguidores, exibiam nas redes sociais um estilo de vida luxuoso, sugerindo que as apostas seriam uma forma de enriquecer rapidamente.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que os investigados movimentaram cerca de R$ 40 milhões em contas pessoais entre 2022 e 2024.
ESQUEMA BILIONÁRIO
A polícia também investiga um possível esquema no qual os influenciadores recebiam comissões sobre as perdas dos apostadores que acessavam os jogos por meio de seus links. Alguns também teriam atuado como intermediários de grandes movimentações financeiras.
O delegado Renan Mello explicou que os recursos eram espalhados por fintechs, empresas de fachada e plataformas de pagamento, em uma tentativa de dificultar o rastreamento do dinheiro. A estimativa é de que o esquema tenha movimentado cerca de R$ 4,5 bilhões.
A Justiça autorizou a quebra de sigilo fiscal de empresas envolvidas no esquema.
O QUE É O JOGO DO TIGRINHO?
O Fortune Tiger, apelidado de "Jogo do Tigrinho", é um dos jogos de azar mais promovidos nas redes sociais. Trata-se de um cassino virtual, em que o jogador tenta combinar três figuras iguais para receber prêmios em dinheiro.
Por depender exclusivamente da sorte, ele se enquadra na categoria de jogo de azar, o que é proibido pela Lei de Contravenções Penais. Diferente das plataformas de apostas esportivas regulamentadas, como as bets, esses jogos não oferecem mecanismos transparentes para ganho ou retirada de dinheiro.
Muitos usuários relatam dificuldade para sacar valores e perdas financeiras expressivas.
OUTROS JOGOS TAMBÉM SÃO INVESTIGADOS
Além do Fortune Tiger, outros jogos similares também estão sob investigação por prometerem grandes ganhos e, na prática, causarem prejuízo aos jogadores:
Spaceman / Aviator / JetX (jogos "crash"): o jogador precisa retirar o dinheiro antes de o jogo "crashar" (parar repentinamente).
Mines: jogo em que o usuário deve evitar minas explosivas escondidas em um tabuleiro.
Todos seguem o mesmo padrão: promessas de lucros fáceis, mas com alto risco de perda, o que atrai principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade financeira.
INVESTIGAÇÕES CONTINUAM
A operação é coordenada pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), com apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD).
A TV Globo tentou contato com os influenciadores citados, mas até o momento não obteve resposta.