Nattan é acusado de humilhar mulher com nanismo ao oferecer dinheiro por beijo em show

O cantor Nattan foi alvo de críticas nas redes sociais após um episódio ocorrido durante seu show na Festa de Agosto, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Durante a apresentação, ele ofereceu R$ 1 mil a um homem da plateia para que beijasse uma mulher com nanismo, que havia sido chamada ao palco.

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A atitude do cantor foi gravada e divulgada por sua própria equipe. O vídeo mostra Nattan pegando a mulher no colo, jogando-a para cima e, em seguida, colocando-a sobre um caixote. Ele então tenta convencer um homem do público a beijá-la, mas, diante da recusa, convida um cinegrafista do evento. “Ele pode até perder o emprego, mas os mil reais ele não perde”, disse o artista, arrancando aplausos da plateia.

ASSOCIAÇÃO ACUSA CANTOR DE EXPOR MULHER AO RIDÍCULO

A Associação Nanismo Brasil (Annabra) se manifestou publicamente contra o episódio, classificando a ação como ofensiva e constrangedora. Em nota, a entidade afirmou que o cantor expôs a mulher ao ridículo e que pretende acionar o Ministério Público para investigar possíveis violações legais.

A associação também ressaltou que atitudes como essa reforçam estigmas e alimentam o capacitismo, prática discriminatória contra pessoas com deficiência.

NATAN DIZ QUE MULHER TAMBÉM RECEBEU R$ 1 MIL

Após a repercussão negativa, Nattan respondeu nos comentários de uma postagem do g1 nas redes sociais e afirmou que a mulher também recebeu R$ 1 mil. Ele alegou ainda que costuma chamar pessoas ao palco para se beijarem durante suas apresentações.

No entanto, o gesto foi amplamente criticado por internautas e especialistas, que apontaram a exposição da mulher como forma de entretenimento e a falta de sensibilidade do cantor ao tratar a situação como uma brincadeira.

O QUE É CAPACITISMO?

Capacitismo é a discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência. Pode ocorrer de forma explícita ou sutil, por meio de atitudes, falas ou práticas que negam a autonomia, dignidade ou igualdade dessas pessoas.

Segundo o Ministério da Cidadania, o capacitismo se manifesta em:

• Olhares de julgamento;

• Invasão de privacidade;

• Ausência de pessoas com deficiência em espaços públicos e profissionais;

• Uso de expressões ofensivas ou inadequadas.

Em entrevista ao g1, a consultora de inclusão Julia Drezza explicou que o capacitismo também se evidencia quando se presume que uma pessoa com deficiência não pode namorar, ter carreira ou tomar decisões por conta própria. Essas barreiras de comportamento limitam a participação plena desse grupo na sociedade.

POPULAÇÃO COM DEFICIÊNCIA REPRESENTA 9% DOS BRASILEIROS

A consultora destacou ainda que pessoas com deficiência representam cerca de 9% da população brasileira, e que a exclusão não está na deficiência em si, mas na falta de adaptação e acolhimento dos ambientes sociais.

Para ela, é preciso mudar o olhar sobre a deficiência: "O que não é eficiente? A pessoa ou o espaço que a acolhe? Existe uma responsabilização de que a pessoa com deficiência não está participando, mas o que está impactando é tudo aquilo que a cerca."