INVESTIGAÇÃO

PF aponta uso de dinheiro desviado para construir pousada do filho do governado

3 SET 2025 • POR Da Redação • 20h50
Esquema de desvios de recursos durante a pandemia de Covid-19 enviou R$ 2,4 milhões para a construção da pousada na Serra de Taquaruçu - Edu Fortes

A Polícia Federal (PF) investiga o uso de recursos públicos desviados em esquema no Tocantins durante a pandemia de Covid-19 para a construção da Pousada Pedra Canga, em Taquaruçu, distrito de Palmas. O empreendimento está registrado em nome de Rérison Antônio Castro Leite, filho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do cargo por seis meses durante a operação da PF.

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VALOR INVESTIDO E PROVAS

Segundo a investigação, cerca de R$ 2,4 milhões teriam sido destinados à construção do empreendimento entre 21 de junho de 2022 e 30 de julho de 2024. Entre as evidências apontadas estão conversas interceptadas, em que o filho do governador menciona instruções do pai para que não constasse patrimônio em seu próprio nome.

O balanço financeiro da pousada indicou os aportes como transferências de “Investidor-Anjo”, termo jurídico utilizado para justificar o envio de capital de forma a ocultar o real responsável pelo investimento.

DESVIO DE RECURSOS PÚBLICOS

A PF investiga fraudes em contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados em 2020 e 2021, no contexto da pandemia, quando o Tocantins declarou estado de emergência em saúde pública. O esquema envolvia a compra de pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas, em contratos de quase R$ 5 milhões, pagos sem licitação. Parte das cestas não teria sido entregue à população.

Os recursos desviados teriam sido usados em empreendimentos de luxo, compra de gado e despesas pessoais dos envolvidos.

Governador Wanderlei Barbosa entregando cesta básica durante a pandemia, em maio de 2021 — Foto: Ruraltins/Governo do Tocantins

POSICIONAMENTO DO GOVERNADOR

Wanderlei Barbosa afirmou respeitar a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas classificou o afastamento como “medida precipitada”. O governador destacou que os pagamentos investigados ocorreram quando era vice-governador e que já determinou auditorias nos contratos. Barbosa disse ainda que recorrerá para reassumir o cargo e comprovar a legalidade de seus atos, garantindo a continuidade dos serviços públicos no estado.