Fazenda de Wanderlei teria sido beneficiada com recursos desviados
3 SET 2025 • POR Da Redação • 20h17
A Fazenda Santa Helena, localizada em Aparecida do Rio Negro e pertencente ao governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi citada no inquérito da Operação Fames-19 como uma das propriedades beneficiadas com insumos adquiridos dentro do esquema investigado pela Polícia Federal.
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De acordo com documentos obtidos pelo Jornal Opção Tocantins, a empresa Nativa Mineração Ltda forneceu materiais destinados à fazenda. O pagamento desses insumos foi registrado no Banco da Amazônia (operação nº 183-21/0021-8), em nome de Matheus Macedo Mota, apontado como operador financeiro.
O relatório policial indica que as datas de processamento, vencimento e quitação, assim como os valores da operação, coincidem com os dados apresentados nas prestações de contas do financiamento rural obtido junto ao banco.
INDÍCIOS DE CRIME FINANCEIRO
Segundo a investigação, a movimentação pode indicar desvio de finalidade do crédito concedido, uma vez que os pagamentos deveriam ter sido feitos com recursos do financiamento rural. Para a PF, há indícios da prática de crime contra o sistema financeiro, além de lavagem de dinheiro.
Os documentos mostram ainda que parte dos valores em espécie foi apresentada como se fosse destinada a despesas da Fazenda Santa Helena, funcionando como justificativa formal para recursos ilícitos.
A análise do Ministério Público Federal e da Polícia Federal conclui que a propriedade aparece como elo de sustentação do esquema de lavagem, pois os pagamentos vinculados ao financiamento rural teriam sido usados para encobrir operações em dinheiro vivo que beneficiavam diretamente o governador afastado.
CITAÇÃO NA DECISÃO JUDICIAL
Na decisão judicial, o ministro Mauro Campbell destacou que “Wanderlei Barbosa Castro não apenas desviou recursos públicos oriundos de contratos de fornecimento de cestas básicas durante o exercício de seu mandato, como também se valeu de empresários, servidores, assessores próximos e familiares, notadamente de seus filhos, para a ocultação e dissimulação do patrimônio ilicitamente auferido”.
Ainda segundo o documento, parte desses valores foi canalizada para a construção de um empreendimento de luxo na Serra de Taquaruçu, em Palmas.
OPERAÇÃO FAMES-19
A segunda fase da Operação Fames-19 foi deflagrada nesta quarta-feira (3) e resultou no afastamento, por 180 dias, do governador Wanderlei Barbosa e da primeira-dama Karynne Sotero. A decisão foi tomada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A investigação apura supostos desvios em contratos de fornecimento de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19. Nesta etapa, a PF cumpriu 51 ordens judiciais, entre mandados de busca e apreensão e medidas cautelares, em locais como o Palácio Araguaia, sede do governo estadual, e a Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto).
O QUE DIZ O GOVERNADOR
“Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.
Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.
Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.”