Comer carne pode reduzir mortes por câncer, aponta pesquisa inédita
9 SET 2025 • POR Da Redação • 12h01
Por anos, autoridades de saúde têm alertado sobre os riscos do consumo de carne vermelha. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), vinculada à OMS, classifica carnes vermelhas como “provavelmente cancerígenas para humanos”. Carnes processadas, como bacon e salsicha, são consideradas definitivamente cancerígenas. Essas classificações fundamentam recomendações de restrição alimentar.
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ESTUDO CONTROVERSO DO CANADÁ
Uma pesquisa da Universidade McMaster, no Canadá, sugere que pessoas que consomem mais proteína animal poderiam ter menor risco de morte por câncer. No entanto, o estudo analisou a categoria ampla de “proteína animal”, que inclui carne vermelha, aves, peixes, ovos e laticínios, sem separar os efeitos de cada tipo.
Pesquisadores destacam que os peixes, principalmente os oleosos, têm efeito protetivo, e que alguns laticínios podem reduzir o risco de câncer colorretal, embora aumentem o risco de câncer de próstata. Essa generalização dificulta interpretações claras sobre a segurança da carne vermelha.
LIMITAÇÕES E CONFLITOS DE INTERESSE
O estudo foi financiado pela National Cattlemen’s Beef Association, principal lobby da indústria de carne bovina nos Estados Unidos. Ele não diferenciou entre carnes processadas e não processadas, sendo que cortes processados apresentam riscos maiores. Além disso, os pesquisadores não analisaram tipos específicos de câncer, tornando incerto se os efeitos protetivos se aplicam a todos os tumores.
PROTEÍNAS VEGETAIS E MODERAÇÃO
Curiosamente, a pesquisa apontou que proteínas vegetais, como leguminosas, nozes e tofu, não tiveram efeito protetivo forte contra a morte por câncer, contradizendo estudos anteriores. Ainda assim, os alimentos de origem vegetal continuam oferecendo benefícios comprovados à saúde, como fibras e antioxidantes.
Especialistas alertam que os resultados não são um “sinal verde” para consumo ilimitado de carne vermelha, que permanece associada a doenças cardíacas e diabetes. Moderação, variedade e equilíbrio continuam sendo fundamentais.
O FOCO DEVE SER NO PADRÃO ALIMENTAR
A ciência da nutrição mostra que o impacto de um alimento isolado é difícil de determinar, pois pessoas consomem combinações complexas diariamente. Um padrão alimentar equilibrado, com proteínas variadas, vegetais, frutas e alimentos minimamente processados, continua sendo a melhor estratégia para a saúde.
Mesmo com este novo estudo, a recomendação permanece clara: equilíbrio e moderação são essenciais, e a ciência da nutrição seguirá evoluindo para orientar escolhas mais seguras.