ESCÂNDALO NO TOCANTINS

Operação expõe deputados e ex-deputados investigados no caso das cestas básicas

26 SET 2025 • POR Da Redação • 08h30
STF derruba prazos ampliados para eleições em Assembleias; decisão reacende debate sobre legalidade de reeleições antecipadas na Aleto - Divulgação

A segunda fase da Operação Fames-19, deflagrada pela Polícia Federal em 3 de setembro, revelou o envolvimento de 20 deputados e ex-deputados estaduais em um esquema milionário de desvios de recursos públicos no Tocantins.

Participe do grupo do O Norte no WhatsApp e receba as notícias no celular.

As investigações apontam que, entre 2020 e 2021, emendas parlamentares foram usadas para contratar empresas responsáveis pelo fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. Segundo a PF, grande parte dos produtos não chegou à população.

VALOR DO PREJUÍZO

De acordo com a PF, os contratos firmados somaram R$ 97 milhões, com prejuízo estimado de R$ 73 milhões aos cofres públicos. Do total, R$ 72,4 milhões foram repassados diretamente às empresas fornecedoras, sendo R$ 34,6 milhões do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) e R$ 38,2 milhões de emendas parlamentares.

As apurações indicam que parte do dinheiro teria financiado a compra de gado, obras de luxo e despesas pessoais dos beneficiários.

IMPACTO POLÍTICO

O caso ganhou ainda mais destaque após decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que afastou por seis meses o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a primeira-dama Karynne Sotero.

Com isso, os deputados que destinaram recursos passaram a ser investigados de forma mais direta.

QUEM SÃO OS CITADOS

Entre os parlamentares em exercício, Valdemar Júnior (Republicanos) e Olyntho Neto (PSDB) aparecem com os maiores repasses, de R$ 3,5 milhões e R$ 3,2 milhões, respectivamente. Outros nomes são Nilton Franco, Cleiton Cardoso, Amélio Cayres, Cláudia Lelis, Leo Barbosa, Jair Farias, Jorge Frederico, Ivory de Lira e Vilmar de Oliveira, com valores que variam de R$ 1 milhão a R$ 2,5 milhões.

Ex-deputados federais também aparecem: Antonio Andrade e Ricardo Ayres, que juntos destinaram quase R$ 4 milhões. Já entre ex-parlamentares estaduais estão Eduardo Siqueira Campos, atual prefeito de Palmas (R$ 2,1 milhões); Fabion Gomes, prefeito de Tocantinópolis (R$ 1,8 milhão); e Issam Saado, presidente da Jucetins (R$ 1,6 milhão).

Valderez Castelo Branco (PP), hoje secretária estadual, e Amália Santana (PT), ex-deputada, também estão na lista.

POSICIONAMENTOS

Parte dos citados divulgou notas de defesa. Eduardo Siqueira Campos, Valderez Castelo Branco, Olyntho Neto e Ricardo Ayres negaram irregularidades e afirmaram que suas emendas seguiram os trâmites legais.

A Assembleia Legislativa do Tocantins informou que colaborou integralmente com a PF e o STJ, entregando documentos e equipamentos solicitados. A Casa disse ainda que sua Procuradoria não teve acesso aos autos e desconhece os fundamentos que embasaram os mandados.

O QUE PODE ACONTECER

O processo deve se prolongar nos tribunais superiores e pode alterar o cenário político tocantinense. Analistas avaliam que, mesmo antes de uma decisão final, o desgaste causado pelas investigações já afeta a imagem pública dos parlamentares e pode influenciar diretamente as eleições municipais de 2026.