Brasil redireciona exportações e cresce na China e América Latina
29 SET 2025 • POR Da Redação • 20h52
O Brasil aumentou as vendas externas para a China e para países da América Latina em agosto, compensando parcialmente os efeitos da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O crescimento se concentrou principalmente em soja, milho, carnes e minério de ferro, segundo dados oficiais divulgados neste domingo (28).
Participe do grupo do O Norte no WhatsApp e receba as notícias no celular.
IMPACTO DA TARIFA DOS EUA
Os Estados Unidos absorvem cerca de 12% das exportações brasileiras. A tarifa americana gerou um impacto inicial de 0,2% no PIB do país, considerado moderado devido à diversidade de mercados atendidos. Especialistas alertam, porém, que a continuidade da política pode afetar setores industriais com menor capacidade de redirecionar suas vendas.
O setor de mel, que destinava 80% da produção aos EUA, sofreu queda brusca na demanda. Máquinas e equipamentos, produtos de maior valor agregado, tiveram retração de 10% nas exportações em agosto.
COMPENSAÇÃO POR OUTROS MERCADOS
As vendas para China e América Latina cresceram 4%, com destaque para soja e milho, cujas exportações aumentaram mais de 10%. O setor de carnes reduziu quase pela metade os embarques para os Estados Unidos, mas ampliou significativamente o faturamento em outros mercados, chegando a US$ 1,5 bilhão no mês.
A indústria madeireira perdeu cerca de 4 mil postos de trabalho em um universo de 180 mil empregos formais, enquanto o setor calçadista registrou queda de 17% nas exportações para os EUA, mantendo parte da produção voltada ao mercado interno.
PACOTE EMERGENCIAL E DIÁLOGO DIPLOMÁTICO
Para reduzir os impactos da tarifa americana, o governo federal lançou o programa Brasil Soberano, com linhas de crédito subsidiado, diferimento de tributos e redução de impostos para exportadores afetados. A iniciativa visa aliviar perdas no curto prazo enquanto negociações internacionais avançam.
No âmbito diplomático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve conversa informal com o presidente norte-americano Donald Trump durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York, no dia 23 de setembro. O encontro abriu espaço para diálogo mais amplo, mas ainda não há confirmação de reunião bilateral oficial.
PERSPECTIVAS DOS EXPORTADORES
Empresários acompanham de perto o desdobramento das negociações e cobram avanços concretos. Exportadores de commodities destacam a importância da diversificação de mercados para manter o ritmo das vendas em meio à instabilidade global e à concorrência de outros fornecedores.