NO TOCANTINS

Após pressão popular, prefeitura suspende corte de pequizeiro histórico

17 OUT 2025 • POR Da Redação • 09h38
Prefeitura suspendeu autorização para derrubar pequizeiro em Santa Rosa do Tocantins - Arquivo Pessoal

A decisão de derrubar um pé de pequi gerou polêmica em Santa Rosa do Tocantins, no sudeste do Estado. O corte da árvore, considerada símbolo da cidade, havia sido autorizado pela prefeitura, mas a medida foi revogada após forte reação popular. No entanto, moradores denunciaram que o pequizeiro já havia sido envenenado antes da suspensão.

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PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL

O pequi é protegido por leis federais e pela Constituição Estadual, que determinam sua preservação. Em janeiro de 2025, a Assembleia Legislativa do Tocantins aprovou uma lei reconhecendo o fruto como patrimônio cultural imaterial, gastronômico e ambiental do estado.

O pequizeiro em questão está localizado nas imediações da Igreja Matriz de Santa Rosa do Tocantins e tem valor histórico e afetivo para os moradores.

AUTORIZAÇÃO E REVOGAÇÃO

A autorização para o corte foi emitida pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente em 26 de junho de 2025, com base em uma “avaliação técnica fotográfica” que apontava risco de queda e presença de abelhas na árvore. Segundo o documento, o objetivo seria garantir a segurança dos frequentadores, especialmente das crianças.

A justificativa, porém, não convenceu a população. Moradores usaram as redes sociais para pressionar as autoridades pela preservação do pequizeiro.

“Chorei com a notícia. Quando minha filha de 37 anos nasceu esse pé já existia aqui. É muito triste, vários idosos estão tristes”, lamentou Alcanja Pereira da Silva, de 82 anos.

Após a repercussão, a prefeitura publicou uma nova portaria em 13 de outubro, anulando a autorização de corte e suspendendo qualquer intervenção. O município também abriu processo de apuração com prazo de 30 dias para investigar a legalidade do procedimento.

PEQUIZEIRO FOI ENVENENADO

Apesar da revogação, o padre Pablo Luiz Viana dos Reis, da Paróquia local, confirmou que o pequizeiro foi envenenado antes da decisão da prefeitura. Segundo ele, a intenção era construir uma sala de catequese e uma cozinha no local.

O religioso criticou as manifestações contrárias ao corte, afirmando que “muitas partiram de pessoas que não participam da vida paroquial”.

“Muitos desses comentários vêm de pessoas que não frequentam a comunidade ou nem mesmo pertencem à Igreja Católica. Os que caminham conosco sabem do propósito pastoral e do zelo que temos com tudo o que envolve a vida paroquial”, afirmou o padre.

A defesa do pároco alegou que todas as ações foram realizadas dentro da legalidade, com autorização da prefeitura, e que a medida buscava garantir a segurança dos fiéis, sem desrespeitar o patrimônio ambiental.

PREFEITURA ADOTA NOVAS REGRAS PARA CORTES FUTUROS

Com a revogação, a prefeitura determinou que novos pedidos de corte de árvores deverão apresentar documentação técnica completa e passar por análise jurídica e ambiental.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente também recomendou a realização de audiência pública em casos semelhantes, para garantir a participação da comunidade.

Até o momento, o pequizeiro permanece de pé. “Colocou veneno, mas não abalou a árvore em nada. Tá linda, com muitos frutos e folhas novas”, relatou uma moradora nas redes sociais.