Mulher idosa dá à luz 6º filho e médica explica técnica de fertilização
29 OUT 2025 • POR Da Redação • 11h51
Carmelina Alves Albino, de 62 anos, deu à luz sua sexta filha, Miriã Vitória, no último dia (20), em São Paulo. A gestação foi resultado da técnica de fertilização in vitro (FIV), que possibilita a gravidez em mulheres com idades mais avançadas.
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Miriã nasceu prematura, às 21h47, com 35 semanas e seis dias, e passou alguns dias na incubadora antes de receber alta. A mãe permanece em recuperação, após cuidados intensivos. Carmelina e o marido, Jefferson, já têm cinco filhos, entre 22 e 42 anos, e nove netos, de 4 a 19 anos.
COMO FUNCIONA A FERTILIZAÇÃO IN VITRO
A gestação foi possível por meio da técnica de fertilização in vitro com ovodoação. Segundo a médica Paula Marin, especialista em reprodução humana, o método consiste em utilizar o óvulo de uma doadora jovem, geralmente entre 20 e 30 anos, com boa saúde e exames rigorosos.
“O óvulo é fertilizado em laboratório com o sêmen do parceiro da paciente ou de um doador. O embrião formado é então transferido para o útero da mulher receptora, que será a gestante”, explica a ginecologista ao Metrópoles.
Embora o DNA do bebê seja o da doadora e do parceiro, o ambiente uterino exerce influência sobre o desenvolvimento embrionário, por meio da epigenética. Ou seja, o corpo da gestante participa ativamente da formação do bebê.
ETAPAS DO PROCESSO
O tratamento começa com a coleta dos óvulos da doadora e dos espermatozoides do parceiro. Em laboratório, os embriologistas realizam a fecundação e cultivam os embriões até o estágio de blastocisto, que ocorre entre o quinto e o sétimo dia.
Após a seleção dos embriões mais viáveis, eles são transferidos para o útero da receptora, previamente preparado com hormônios para simular as condições ideais da gestação.
REGRAS PARA DOAÇÃO DE ÓVULOS NO BRASIL
De acordo com a Resolução nº 2.320/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), a doação de óvulos é permitida apenas para mulheres entre 18 e 37 anos. A prática deve ser anônima e sem fins lucrativos, exceto em casos de doação entre parentes de até quarto grau — como irmãs, tias ou primas — com autorização formal e acompanhamento médico.
Mesmo nesses casos, há exigência de avaliação ética e genética rigorosa, para evitar riscos de consanguinidade ou conflitos emocionais.
“O CFM recomenda que a receptora tenha preferencialmente até 50 anos. Acima dessa idade, cabe ao médico avaliar a viabilidade da gestação, considerando as condições clínicas e os riscos obstétricos”, explica a médica.
GESTAÇÃO DE ALTO RISCO APÓS OS 50 ANOS
A gravidez após os 50 anos é considerada de alto risco. Entre as complicações possíveis estão hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e sangramentos. Além disso, a recuperação pós-parto tende a ser mais delicada.
“É fundamental que haja acompanhamento médico multidisciplinar e que a decisão seja tomada com responsabilidade. A medicina reprodutiva amplia possibilidades, mas deve sempre priorizar a segurança, a ética e o cuidado”, conclui Paula Marin.
Jefferson com a esposa e a equipe do hospital