KRAHÔ

Aldeia do Tocantins inaugura primeiro cinema indígena do Brasil

30 OUT 2025 • POR Da Redação • 09h50

A aldeia Koprer, localizada na Terra Indígena Krahô, no Tocantins, inaugurou nesta quarta-feira, 29, o primeiro cinema construído dentro de uma comunidade indígena no Brasil. O Cinema Comunitário Krahô é resultado de anos de mobilização dos próprios moradores, liderados pela jovem cineasta Ilda Patpro Krahô.

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SONHO QUE NASCEU DO AUDIOVISUAL

O interesse de Ilda pelo cinema surgiu nas oficinas do coletivo Mentuwajê Guardiões da Cultura. Desde então, ela atuou como roteirista e atriz no filme “A Flor do Buriti”, exibido em festivais nacionais e internacionais. A vivência reforçou o desejo de criar um espaço em que os Krahô pudessem contar e assistir às próprias histórias.

“Nas aldeias, temos televisão e internet, mas a maioria das histórias que assistimos não é nossa. O cinema é um espaço de encontro e de memória. Quero que nossas crianças se conectem com nossos mais velhos e imaginem o futuro a partir daqui”, afirmou Ilda.

ARQUITETURA INTEGRADA AO CERRADO

O cinema foi construído pela própria comunidade, com apoio de trabalhadores de Itacajá (TO) e colaboração de cineastas como Renée Nader Messora, João Salaviza, Julia Alves e Ricardo Alves Jr. O projeto arquitetônico, assinado por Thiago Benucci sob supervisão de Simone Giovine, integra-se ao Cerrado: a arquibancada foi escavada no solo, com cobertura ampla e laterais abertas para ventilação natural.

O espaço acomoda até 150 pessoas, com bancos e redes voltadas para a tela e para o céu aberto. O local conta com projetor digital de alta definição e acervo audiovisual interno, reunindo registros históricos sobre os Krahô e outros povos indígenas.

ESPAÇO DE MEMÓRIA E AUTONOMIA

A partir de 2026, o Cinema Comunitário Krahô receberá encontros regulares com exibições de filmes de festivais e instituições culturais. “Queremos abrir o espaço para todos os nossos parentes, com suas histórias e imagens. Nosso cinema tem lugar para todos”, reforçou Ilda.

Para os idealizadores, o projeto representa mais do que um espaço de exibição — é uma ferramenta de preservação da memória, autonomia e afirmação cultural do povo Krahô.