Prefeitura anuncia retorno das aulas "sem grevistas" e gera reação de educadores em protesto
2 NOV 2025 • POR Da Redação • 22h02Os alunos da rede municipal de Araguaína poderão voltar às aulas nesta segunda-feira (3), segundo comunicado oficial divulgado pela prefeitura nas redes sociais neste domingo (2). Mesmo com a greve dos professores ainda em andamento, o município informou que organizou equipes para garantir o atendimento “sem prejuízo às famílias e aos alunos”. A decisão causou reação entre os educadores que aderiram a paralisação.
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PAIS COBRAM SOLUÇÃO E PROFESSORES REAGEM
A decisão ocorre em meio à insatisfação de pais e à revolta da categoria. A paralisação começou no dia 21 de outubro em protesto contra o Projeto de Lei enviado pelo prefeito Wagner Rodrigues (União) à Câmara Municipal, que altera o Plano de Carreira do Magistério.
O anúncio da retomada das aulas provocou forte reação entre os educadores. “Não estamos pedindo aumento. Só queremos manter nossos salários e direitos que ele pretende reduzir. Pressionem para que o executivo dialogue com a categoria”, disse uma professora em greve, que usou as redes sociais para desabafar.
Nos comentários da publicação, mães também se manifestaram cobrando respostas. “Prefeito, o que adianta mandar voltar e não ter professor? Tenho que sair 6 da manhã pra deixar minha filha do outro lado da cidade, e não tá tendo aula. Até quando isso vai continuar?”, questionou uma delas.
SINDICATO DENUNCIA RETROCESSO
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) classificou o projeto como um “retrocesso sem precedentes”, afirmando que ele ameaça conquistas históricas da categoria, como progressões funcionais e valorização por tempo de serviço.
GUERRA DE VERSÕES
Já o município defende que o novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) mantém os direitos de progressão e benefícios, ajustando-os à realidade financeira do município.
A polêmica ganhou força após um vídeo publicado pelo prefeito Wagner Rodrigues, em que ele afirmou que o atual PCCR poderia levar o Instituto de Previdência de Araguaína (IMPAR) à falência em até cinco anos.
CONSELHO CONTESTA PREFEITO
O Conselho Fiscal do IMPAR rebateu as declarações e divulgou um parecer técnico garantindo que o instituto não enfrenta déficit financeiro. Segundo o documento, aprovado por unanimidade, o órgão possui patrimônio líquido de R$ 351,2 milhões e valores a receber que somam R$ 256,4 milhões — um total superior a R$ 607 milhões.
O Conselho recomendou ainda que a diretoria executiva do IMPAR publicasse oficialmente o parecer para tranquilizar servidores ativos e inativos, destacando que “as informações do prefeito estão equivocadas”.
PREFEITO REBATE CONSELHO
Após a nota, Wagner Rodrigues voltou às redes sociais e reafirmou suas declarações. Segundo ele, “não há exagero nenhum” no alerta feito. O prefeito citou dois estudos atuariais do próprio IMPAR que apontam déficits de R$ 271 milhões e R$ 678 milhões. “Hoje quase ninguém sente o problema porque ainda tem muita gente contribuindo e poucos recebendo”, justificou.
O IMPASSE CONTINUA
Atualmente, segundo o município, os 768 professores efetivos da rede representam cerca de R$ 8,5 milhões mensais da folha de pagamento — aproximadamente 20% do total. Enquanto pais aguardam a retomada das aulas e professores resistem à pressão, Araguaína segue em meio a uma crise educacional e política.