Beneficiários do Bolsa Família movimentaram R$ 3,7 bilhões em apostas online, diz TCU
7 NOV 2025 • POR Da Redação • 11h31
O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou fortes indícios de uso irregular dos CPFs de beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) em transferências financeiras para empresas de apostas online.
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A constatação foi feita a partir de dados enviados pelo Banco Central, que revelaram que somente em janeiro de 2025, cerca de R$ 3,7 bilhões foram movimentados de contas de pessoas cadastradas no programa para essas plataformas.
CONCENTRAÇÃO DE TRANSAÇÕES LEVANTA SUSPEITAS
Segundo o relator do processo, ministro Jhonatan de Jesus, o dado mais preocupante é a alta concentração das operações: apenas 4,4% das famílias que apostaram foram responsáveis por 80% do valor total movimentado.
Ainda conforme o levantamento, 21,9% das famílias beneficiárias realizaram ao menos uma operação ligada a apostas durante o mês analisado.
Esses números, de acordo com o ministro, “reforçam a forte suspeita de uso irregular de CPFs”, o que pode indicar lavagem de dinheiro, fraudes financeiras ou ocultação de bens.
O TCU também alertou para a possibilidade de que terceiros estejam utilizando indevidamente os dados de beneficiários para realizar as movimentações.
CORTE COBRA PLANO DE AÇÃO
Diante do cenário, o tribunal determinou que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, em conjunto com o Banco Central, apresente em até 90 dias um plano de ação voltado ao combate de inclusões indevidas e rastreamento de operações suspeitas.
O plano deverá conter mecanismos de monitoramento de movimentações bancárias incompatíveis com o perfil socioeconômico dos beneficiários.
CASOS GRAVES
Os casos mais graves, com indícios de fraudes milionárias, serão encaminhados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), à Receita Federal e ao Ministério Público Federal (MPF).
Esses órgãos deverão investigar a origem das operações e adotar as medidas penais cabíveis contra os responsáveis.