INOVAÇÃO MÉDICA

Caneta que detecta câncer em 10 segundos é criada por pesquisadora brasileira

11 NOV 2025 • POR Da Redação • 13h59
Demonstração de uso da caneta MasSpec em uma amostra de tecido humano. - Foto: Vivian Abagiu/Universidade do Texas

Uma pesquisadora brasileira está revolucionando a medicina mundial. A química Lívia Schiavinato Eberlin, formada pela Unicamp e hoje professora na Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, desenvolveu um dispositivo capaz de identificar células cancerígenas em apenas 10 segundos, ainda durante o ato cirúrgico.

Batizada de MasSpec Pen, a inovação já ganhou o apelido de “caneta que detecta câncer” e promete mudar a forma como os tumores são removidos em cirurgias.

TECNOLOGIA QUE “LÊ” O TECIDO HUMANO

A MasSpec Pen funciona acoplada a um espectrômetro de massas, aparelho que identifica as moléculas presentes em uma amostra e traça sua “assinatura química”.

Durante o procedimento, o cirurgião toca o tecido com a ponta da caneta, que libera uma microgota de água estéril. Essa gota coleta moléculas da superfície e, em segundos, o equipamento analisa se o tecido é saudável ou canceroso.

A pesquisadora brasileira Lívia Eberlin e sua equipe, responsáveis por desenvolver a MasSpec Pen — Foto: Arquivo Pessoal

O processo é instantâneo e não causa nenhum dano ao paciente”, explica Lívia.

VELOCIDADE QUE PODE SALVAR VIDAS

Atualmente, o padrão utilizado em cirurgias oncológicas é o exame de congelação, que exige a retirada de uma amostra para análise laboratorial — um processo que pode levar até uma hora e meia.

Nesse período, o paciente permanece anestesiado e a equipe cirúrgica aguarda o resultado. A caneta elimina essa espera: o diagnóstico aparece na tela em tempo real.

“Com a caneta, o médico sabe na hora se deve retirar mais tecido, evitando tanto o excesso quanto a falta”, explica a pesquisadora.

PRIMEIRO TESTE CLÍNICO FORA DOS EUA

O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, é o primeiro centro fora dos Estados Unidos a realizar testes clínicos com o dispositivo. O estudo, conduzido em parceria com a Thermo Fisher Scientific, acompanha 60 pacientes com câncer de pulmão e tireoide.

Pesquisas anteriores já apontaram precisão superior a 92% na detecção de tecidos doentes. O próximo passo é expandir os testes para tumores de mama, fígado e ovário.

NOVAS FRONTEIRAS DA CIRURGIA ONCOLÓGICA

Além de diagnosticar o câncer, os cientistas acreditam que a caneta pode identificar o perfil imunológico do tumor, o que ajudaria a prever o tipo de tratamento mais eficaz.

“Queremos saber se ela pode indicar, durante a cirurgia, se o tumor é quente ou frio — ou seja, se reage melhor à imunoterapia”, explica o imunologista Kenneth Gollob, diretor do CRIO, no Einstein.

A descoberta aceleraria o planejamento terapêutico e permitiria decisões imediatas sobre o tratamento pós-operatório.

O CÉREBRO DA OPERAÇÃO

O segredo da tecnologia está no espectrômetro de massas Orbitrap 240, capaz de interpretar as moléculas coletadas pela caneta e cruzar os resultados com um banco de dados de milhares de amostras.

Segundo Dionísio Ottoboni, diretor da Thermo Fisher na América Latina, “é a precisão da espectrometria que transforma uma gota d’água em um diagnóstico confiável”.

CIÊNCIA BRASILEIRA DE IMPACTO GLOBAL

Natural de Campinas, Lívia Eberlin lidera uma equipe internacional e também comanda a startup MS Pen Technologies, que pretende comercializar a caneta.

A pesquisadora brasileira Lívia Eberlin — Foto: Arquivo Pessoal

O estudo com o Einstein abre caminho para a aprovação do dispositivo pela FDA, nos Estados Unidos, e futuramente pela Anvisa, no Brasil.

É um sonho ver uma tecnologia criada por brasileiros ajudando a salvar vidas no nosso país”, afirma a pesquisadora. “É a prova de que a ciência brasileira tem alcance global.”

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*Com informações do G1