PF investiga advogado suspeito de alertar Wanderlei sobre operação
12 NOV 2025 • POR Da Redação • 20h25
A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira (12), 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins durante a Operação Nêmesis, nova etapa das apurações sobre uma suposta tentativa de obstrução da Operação Fames-19, que investiga desvios de recursos públicos durante a pandemia de Covid-19.
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A operação foi autorizada pelo ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após a PF apontar indícios de que Thomas Jefferson Gonçalves Teixeira, advogado e ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, teria sido o responsável por alertar o governador Wanderlei Barbosa sobre o cumprimento dos mandados da Fames-19, em setembro de 2025. Naquela ocasião, o governador acabou afastado do cargo.
VISITA NA NOITE ANTERIOR À OPERAÇÃO
De acordo com o documento do STJ, Thomas Jefferson, que é sócio de Rerison Antônio Castro Leite, filho do governador, foi flagrado por câmeras de segurança chegando à residência de Wanderlei e da primeira-dama Karynne Sotero Campos em Palmas, às 23h07 do dia 2 de setembro, poucas horas antes da deflagração da operação.
Ele permaneceu no local por cerca de sete minutos, tempo que, segundo os investigadores, seria suficiente para “transmitir uma mensagem presencial”.
Logo após a visita, as imagens mostram Wanderlei, Karynne e a filha deixando o imóvel às pressas. Pouco depois, o celular do governador foi rastreado a caminho da Fazenda Santa Helena, onde ele acabou localizado pelos agentes federais.
DESLOCAMENTOS SUSPEITOS
A PF também aponta que, na mesma madrugada, Thomas Jefferson teria visitado o condomínio onde mora Leo Barbosa (Republicanos), outro filho do governador, e posteriormente se deslocado para encontrar Rerison, reforçando a suspeita de que atuou como “mensageiro” de um vazamento sobre a operação.
O relatório cita ainda uma “fuga organizada” e movimentações de malas e caixas em imóveis ligados à família Barbosa, inclusive um endereço associado à sogra do governador. Com base nesses indícios, o STJ autorizou novas buscas.
VÍNCULOS COMERCIAIS E POLÍTICOS
Thomas Jefferson é sócio do escritório Castro & Gonçalves Advogados Associados (CNPJ 28.132.290/0001-46), em parceria com o filho do governador. A PF considera o escritório parte de um “núcleo de confiança” usado para coordenar reações às investigações.
O documento também revela que o advogado adquiriu a franquia de chocolates Lugano em Palmas da própria Karynne Sotero Campos, esposa do governador, o que reforçaria os laços pessoais e financeiros entre eles.
INDÍCIOS DE OBSTRUÇÃO
Em decisão datada de 30 de outubro de 2025, o ministro Mauro Campbell afirma haver “fortes razões para crer que Thomas Jefferson levou mensagem presencial que determinou a intensa movimentação observada às vésperas do cumprimento das decisões judiciais”.
A Operação Fames-19 apura desvios de verbas públicas em contratos com secretarias estaduais e institutos sociais entre 2020 e 2021. Essa é a terceira fase da ofensiva que mira o governador afastado, seus familiares, assessores e parlamentares do Tocantins.
DEFESA
Em nota anterior, a defesa de Wanderlei Barbosa negou qualquer irregularidade, afirmou que “não houve vazamento” e que “todas as ações da família foram legítimas”.
Thomas Jefferson Gonçalves Teixeira ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.