Avanço silencioso de facções criminosas no Tocantins preocupa autoridades
19 NOV 2025 • POR Da Redação • 11h19
O Tocantins está entre os estados com menor presença de facções criminosas na Amazônia Legal, conforme estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quarta-feira (19).
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Das 139 cidades tocantinenses, 17 têm registros de atuação de grupos criminosos, o equivalente a 12% do total. Apesar do índice reduzido, especialistas alertam para o avanço silencioso das organizações.
FACÇÕES JÁ IDENTIFICADAS
A pesquisa Cartografias da Violência na Amazônia Legal identificou a atuação de 17 facções em nove estados da região. Entre os grupos presentes estão o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecidos por disputas violentas por controle territorial.
Estados como Acre e Roraima registram presença praticamente total dessas organizações — com 100% e 80% dos municípios afetados — enquanto o Tocantins aparece como o menos impactado.
LOCALIZAÇÃO E ROTAS ESTRATÉGICAS
Mesmo com números baixos, a presença das facções preocupa por conta da posição estratégica do Tocantins, que faz divisa com o Nordeste e é cortado por rodovias federais usadas pelo tráfico de drogas.
O gerente de projetos do FBSP, David Marques, explica que o crescimento das organizações está ligado ao controle de rotas e à ausência do Estado em áreas vulneráveis.
Segundo ele, essas facções atuam de forma “articulada e silenciosa”, impondo regras locais e cooptando jovens.
DOMÍNIO TERRITORIAL
Outro ponto citado no estudo é o surgimento de “proto-milícias” — grupos que tentam rivalizar com o poder público, impondo normas sociais e controle territorial em comunidades.
VIOLÊNCIA NA AMAZÔNIA LEGAL
O relatório aponta que a Amazônia Legal registrou 8.047 mortes violentas em 2024, número 31% acima da média nacional.
O Amapá lidera o ranking de violência, enquanto o Maranhão foi o único estado da região com aumento na taxa de homicídios no ano.
O estudo também alerta para o crescimento de crimes como estupros — mais de 13 mil registros, a maioria contra menores de 14 anos — feminicídios e conflitos agrários, sobretudo no Pará e no Maranhão.