Justiça suspende impeachment do prefeito Ksarin e aponta falhas graves no processo
28 NOV 2025 • POR Da Redação • 18h49
O juiz José Roberto Ferreira Ribeiro, da 1ª Vara Cível de Colinas do Tocantins, determinou em liminar a suspensão total do processo de impeachment contra o prefeito Josemar Carlos Casarim, o Ksarin (Republicanos).
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A decisão impede qualquer avanço da Câmara Municipal — “inclusive votação de relatório final” — e fixa multa diária de R$ 1 mil, limitada a R$ 100 mil, em caso de descumprimento.
IRREGULARIDADES APONTADAS
O magistrado identificou três falhas graves na condução do processo:
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ausência de publicidade dos atos entre 29 de outubro e 21 de novembro, mesmo havendo audiência no período;
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notificação do prefeito com prazo inferior às 24 horas exigidas por lei;
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presença de documentos com chaves de verificação vinculadas a outro órgão público, o que pode comprometer sua autenticidade.
Para o juiz, os elementos apresentados sugerem violação a garantias constitucionais básicas, tornando necessária a intervenção para evitar dano irreversível à estabilidade institucional do município.
PROCESSO PARALISADO
A liminar interrompe o rito aberto em 22 de outubro, quando a Câmara aprovou, por 10 a 3, o recebimento de duas denúncias contra o prefeito.
Ksarin é acusado de receber R$ 144,6 mil em dezembro de 2024 — referentes a férias, 13º salário retroativo e outras remunerações — e de autorizar a locação de um imóvel para o Conselho Tutelar que não teria sido utilizado.
Os denunciantes alegam que os pagamentos violam o regime de subsídio único e que alterações na Lei Orgânica só poderiam valer na legislatura seguinte.
A VOTAÇÃO E OS DISCURSOS NA CÂMARA
Durante a votação, vereadores favoráveis ao processo defenderam que a Casa apenas cumpriu seu papel fiscalizador.
O relator da Comissão Processante, Marcos Júnior Guimarães, afirmou:
"A fiscalização dói, mas é necessária. A soberba precede a ruína”.
O presidente da Câmara, Augusto Agra, declarou que não havia pré-julgamento e que o rito seria legal e transparente.
REAÇÃO DA BASE ALIADA DE KSARIN
Três vereadores ligados ao prefeito reagiram com críticas contundentes.
Jefferson Bandeira classificou o processo como “uma patifaria” e “um nada jurídico”, acusando motivação política.
Gildeon Morais disse que votaria contra o prefeito se houvesse erro comprovado, mas não aceitaria perseguição política.
Já Dayhany Mota defendeu que não houve dolo e que os valores foram devolvidos: “Cassação é remédio extremo — e não se aplica neste caso”.
“PROCESSO COMPROMETIDO”, APONTA O JUIZ
A decisão destaca que a ausência de publicidade, a violação ao contraditório e a possível inconsistência documental comprometem todo o processo.
O juiz reforça que um procedimento permeado por dúvidas não pode resultar na interrupção de um mandato legitimamente conferido pelo voto popular.
POSICIONAMENTO DA DEFESA
A defesa do prefeito comemorou a decisão, afirmando que sempre apontou irregularidades no rito da Câmara.
Ksarin declarou:
“A Justiça não falha. Sempre confiamos na verdade, na transparência e no trabalho que fazemos pelo povo de Colinas”.
O prefeito segue normalmente nas atividades administrativas.
PRÓXIMOS PASSOS
A Câmara tem 30 dias para apresentar defesa.
O Ministério Público já foi intimado e acompanhará o processo.
Até nova decisão, o procedimento político-administrativo nº 001/2025 permanece totalmente suspenso.