LAGOA DA CONFUSÃO

Tocantins tem novo território indígena demarcado exclusivo do povo Kanela

11 DEZ 2025 • POR Da Redação • 11h00
Povo Kanela do Tocantins da aldeia Crim Patehi envolta da fogueira - Patrícia Maia

O Tocantins registrou a demarcação de mais um território indígena. A Reserva Crim Patehi, em Lagoa da Confusão, foi oficialmente reconhecida pela Portaria nº 1.375/2025 da Funai, assinada pela presidenta Joenia Wapichana em 17 de novembro. A área possui 757,92 hectares e está localizada na Gleba Pública Federal Pantanal de Cima, pertencente à União.

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ATUAÇÃO DO ESTADO 

O processo de reconhecimento contou com atuação decisiva do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot). A pasta coordenou perícia antropológica, auxiliou na identificação da área e articulou ações com a Funai e o Tribunal de Justiça. Uma força-tarefa no Fórum de Araguaçu permitiu produzir laudos individuais dos indígenas.

O levantamento atual identifica 485 indígenas Kanela, distribuídos em 20 troncos familiares, somando 156 famílias.

“UMA DÍVIDA HISTÓRICA”

Para a secretária-executiva da Sepot, Solange Nascimento, o reconhecimento da reserva representa um avanço histórico. Ela destaca que o Brasil tem uma dívida com os povos originários, que sofreram séculos de desterritorialização. Segundo Solange, a demarcação garante direitos fundamentais e devolve parte do território ancestral reivindicado há décadas.

GARANTIA DE DIREITOS 

O diretor de Proteção aos Indígenas da Sepot, Paulo André Ixati Oliveira Karajá, afirmou que o processo atendeu a reivindicações diretas das comunidades. Ele destacou que a demarcação consolida um sonho coletivo ao assegurar reconhecimento oficial e acesso a políticas públicas.

Para a antropóloga Patrícia Maia, a portaria também fortalece a precisão técnica e jurídica da demarcação, integrando os registros territoriais ao Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), do Incra.

MARCO PARA A POLÍTICA INDIGENISTA 

Com a oficialização da Reserva Crim Patehi, o Tocantins amplia o número de territórios indígenas reconhecidos e avança na garantia de proteção territorial ao povo Kanela. O ato representa um marco simbólico e jurídico para a política indigenista no estado e reforça a segurança jurídica de uma comunidade que há décadas reivindica seu espaço ancestral.