Brasil cria regras inéditas sobre uso de redes sociais por crianças e adolescentes
11 DEZ 2025 • POR Da Redação • 10h08
Enquanto a Austrália inicia a proibição do uso de redes sociais por menores de 16 anos, o Brasil seguirá outro caminho. A partir de março de 2026, entra em vigor o Estatuto Digital da Criança e do Adolescente, que cria regras para proteger jovens na internet, mas sem restringir o acesso às plataformas.
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No Brasil, menores de 16 anos continuarão podendo usar redes sociais, desde que suas contas estejam vinculadas às de seus responsáveis e que as plataformas adotem mecanismos obrigatórios de verificação etária.
VERIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA E CONTAS VINCULADAS
A nova lei determina que redes sociais, aplicativos e plataformas façam a verificação da idade dos usuários sem depender de autodeclaração. A medida vale para ambientes que possam conter conteúdo impróprio para menores de 16 anos.
Também será obrigatório vincular o perfil de usuários menores às contas de seus pais ou responsáveis. A regra não bloqueia redes com classificação indicativa de 14 anos, mas exige autorização parental.
A verificação será regulamentada pelo Ministério da Justiça e seguirá o nível de risco da atividade oferecida. Quanto maior o potencial de dano, mais rígido será o processo.
COMO SERÁ A VERIFICAÇÃO DE IDADE
Com a proibição da autodeclaração, diversas técnicas de verificação poderão ser usadas, entre elas: análise de comportamento para estimar faixa etária, envio de selfie com reconhecimento facial e apresentação de documentos.
O Estatuto exige que todo o processo seja desenhado para garantir a privacidade dos usuários, evitando a coleta desnecessária de dados. A lógica segue o conceito de Prova de Conhecimento Zero, no qual a plataforma confirma apenas se o usuário tem ou não idade mínima, sem saber a data exata de nascimento.
Plataformas que não adotarem medidas efetivas poderão receber advertências, multas que chegam a R$ 50 milhões por infração ou até suspensão de funcionamento no país.
RESPONSABILIDADES DE LOJAS DE APLICATIVOS E PLATAFORMAS
A verificação de idade será responsabilidade também de lojas de aplicativos, como Google Play e App Store, além de sistemas operacionais como Android, iOS e Windows. Aplicativos precisarão reforçar controles para impedir que menores acessem conteúdos inadequados.
A fiscalização ficará a cargo da Agência Nacional de Proteção de Dados, que avaliará qual método de verificação é mais adequado conforme o tipo de atividade. Sites com conteúdo adulto, por exemplo, terão exigências diferentes de sites governamentais ou educacionais.
OUTRAS REGRAS DO ECA DIGITAL
O Estatuto também traz medidas como a proibição de loot boxes em jogos voltados ao público infantojuvenil, a vedação de publicidade direcionada a crianças e adolescentes e a proibição de monetizar conteúdos que retratem jovens de forma erotizada.
Plataformas precisarão garantir ferramentas de supervisão acessíveis e níveis de proteção mais altos por padrão. Casos de exploração sexual, sequestro, abuso ou aliciamento terão de ser removidos e comunicados às autoridades, com preservação de dados para investigação.
A lei também obriga plataformas com mais de 1 milhão de usuários a publicar relatórios semestrais de transparência, expondo números de denúncias e de ações de moderação.