SÃO PAULO

Suspeito de jogar mulher de prédio recebeu R$ 12 mi de produtora de filme sobre a vida de Bolsonaro

11 DEZ 2025 • POR Da Redação • 18h40

Alex Leandro Bispo dos Santos, suspeito de espancar a mulher momentos antes dela cair do 10º andar de um prédio em São Paulo, recebeu R$ 12 milhões da produtora executiva da cinebiografia de Jair Bolsonaro (PL). Segundo o portal Metrópoles, o pagamento teve origem em um contrato da Prefeitura de São Paulo para instalação e manutenção de wi-fi gratuito em comunidades carentes.

Participe do grupo do O Norte no WhatsApp e receba as notícias no celular.

CONTRATO ENVOLVENDO ICB E PREFEITURA

Documentos obtidos pelo jornalista Demétrio Vecchioli mostram assinaturas de Alex Bispo e da vítima, Maria Katiane Gomes da Silva, como testemunhas, e de Karina Pereira da Gama, presidente do Instituto Conhecer Brasil (ICB) e produtora executiva do filme “Dark Horse”, sócia da produtora Go Up.

O ICB foi contratado em junho do ano passado por R$ 108 milhões para instalar e manter 5 mil pontos de wi-fi em regiões de baixa renda por um ano. O Tribunal de Contas do Município (TCM) identificou pelo menos 20 irregularidades no edital, incluindo a escolha de uma ONG para prestação de serviços genéricos.

DISPARIDADE DE VALORES E PAGAMENTOS

Documentos mostram que, enquanto a Prodam cobra R$ 306 para manter cada ponto de wi-fi, o ICB foi contratado por R$ 1.080 por ponto e mais de R$ 1.800 mensais pela manutenção. A Prefeitura pagou R$ 26 milhões por manutenção de pontos que ainda não haviam sido instalados, devido a atraso no início do projeto, oficialmente marcado para junho, mas iniciado somente em setembro de 2024.

EMPRESA DE ALEX BISPO ENVOLVIDA

A empresa de Alex, Favela Conectada, foi contratada como terceirizada para manutenção, recebendo R$ 712 por ponto por mês. Entre 22 e 28 de abril de 2025, foram pagos 12 “meses” de manutenção de 218 pontos, embora o serviço tenha funcionado pouco mais de dois meses, em um contrato válido até 30 de junho. Contratos e termos de operação incluem assinatura do suspeito e da vítima.

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “a organização social cumpriu todas as exigências previstas no edital” e que atualmente 3.200 pontos de wi-fi estão em funcionamento, com 1.800 previstos para 2026. Segundo o município, o prazo de execução precisou ser ampliado, mas sem custo adicional. A prefeitura também destacou que a contratação de OSCs se deu por expertise em atuar diretamente nas comunidades e que hoje existem 7.923 pontos de wi-fi instalados e ativos na cidade.