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DENÚNCIA

Em Araguaína, esgotos hospitalares sem tratamento podem estar poluindo córrego

05 abril 2011 - 17h05

Daniel Lélis
Da Redação
 

A poluição do córrego Neblina, que atravessa a região Central de Araguaína, é conhecida dos moradores da cidade. O que pouca gente sabe é que há sérias suspeitas de que hospitais do município estejam contribuindo para a contaminação do corrégo que lança suas águas no maior cartão postal de Araguaína, que é o Lago Azul. 

O Portal O Norte recebeu denúncias de que o Hospital Regional de Araguaína (HRA) estaria despejando esgoto sem qualquer tratamento no Neblina. Ainda segundo os denunciantes, que preferiram não se identificar, o hospital pode até ter um "Plano de Gerenciamento de Resíduos", contudo, sua execução tem deixado muito a desejar. O fato, contam eles, é que o HRA é um dos maiores poluidores do córrego.

Sem resposta
Nossa equipe de reportagem procurou o diretor administrativo do HRA, Alberto Gomes da Silva, para posicionar-se a respeito da denúncia. O Diretor informou, através de sua secretária, que a Diretoria de Atenção Especializada da Secretaria Estadual de Saúde seria a indicada para falar a respeito. Entramos então, em contato com a Diretoria Especializada, sediada em Palmas, que por sua vez, transferiu a responsabilidade para a Vigilância Sanitária. Esta última, não comentou sobre o caso e apontou ser responsabilidade do Diretor Administrativo do HRA esclarecer. Tentamos novamente entrar em contato com o diretor, Alberto Silva, que até o fechamento da matéria não foi encontrado para dar esclarecimentos a respeito da questão. 

Após as denúncias, resolvemos verificar como é tratada a questão do esgoto por outros dois hospitais de Araguaína.

Hospital São Lucas
O Hospital São Lucas foi contactado por diversas vezes para falar do assunto, mas até o momento não se manifestou sobre o caso.

Relembramos que o São Lucas que fica localizado às margens do córrego Neblina, teve uma área atingida na primeira quinzena do mês de dezembro do ano passado, uma das maiores enchentes dos últimos anos que alagou a região próxima ao córrego, inclusive boa parte da área do hospital. Nossa reportagem registrou na época, os riscos evidentes de contaminação de lixo hospitalar tendo em vista a invasão do córrego que estava tomando conta do espaço de armazenamento de lixo hospitalar do São Lucas.

 


 Imagem registrada na enchente de dezembro de 2010, logo após a chuva. 
 As enchente fez transbordar o córrego Neblina que inundou áreas próximas ao
córrego, como a do Hospital São Lucas,
 onde fica armazenado o lixo hospitalar.
 

Referência no Tocantins
Outro hospital o qual procuramos na cidade para saber a respeito do tratamento de esgoto hospitalar, foi o Hospital Dom Orione (HDO). Nossa reportagem conversou com a Assessora de Planejamento e Controle do HDO, Maria Dulcimeiry Fonseca, que em entrevista exclusiva, confirmou que o Hospital Dom Orione é a única instituição de saúde de Araguaína e Norte do Estado que possui uma Estação de Tratamento de Resíduos Hospitalares (esgoto).

Segundo ela, o HDO desde a sua fundação, há 35 anos, sempre se preocupou com a preservação do meio ambiente, desenvolvendo ações permanentes na preservação e responsabilidade ambiental, por meio de uma política organizacional pautada na observação de normas e leis do setor da saúde e demais relacionadas a gestão dos recursos ambientais.

Como funciona?
O assessor de imprensa do HDO, Weberson Dias, explicou alguns detalhes sobre o tratamento do esgoto hospitalar da instituição. Segundo o assessor, o processo começa na Câmara de Chegada, que armazena a água e remove todos os sólidos grossos. Dessa Câmara, os resíduos líquidos seguem para a Câmara de Acumulação, onde são tratados por meio biológico aeróbico (bactéria) capaz de retirar os resíduos orgânicos e todo o forte odor da água.

Em seguida, o material segue para Tanque de Aeração, onde funciona uma espécie de liquidificador, que “bate” por cerca de uma hora os resíduos, com o objetivo de oxigenar a água. Depois, os resíduos seguem para a Câmara de Desinfecção, onde é adicionado cloro a água que, somente após estar devidamente tratada, segue para o córrego Neblina.