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CALAMIDADE NA SAÚDE

Denúncia aponta que tomógrafo avaliado em mais de 1 milhão está parado no HRA

02 maio 2011 - 09h11

Daniel Lélis
Da Redação


O sistema público de saúde no Tocantins passa por sérios problemas. A deficiência das ações e serviços de saúde em todo o Estado levou o Governo Siqueira Campos (PSDB) a decretar no dia 19 do mês de abril deste ano, estado de calamidade pública no setor hospitalar.

Em Araguaína, a situação do Hospital Regional (HRA), que é da rede estadual, é crítica. Os problemas, conforme apurou o Portal O Norte, vão desde a precariedade na infraestrutura do prédio à falta de leitos para os pacientes. O cenário é de abandono e indignação. “Até quando seremos tratados como cidadãos de segunda categoria?”, questiona Maria da Luz, 45 anos, que acompanha o pai doente.

Em visita recente ao Regional, nossa equipe de reportagem constatou dezenas de pessoas em macas espalhadas pelos corredores, esperando por atendimento, para realizar algum exame específico ou para fazer cirurgias. “A demanda pelos serviços é muito maior que a oferta. Na falta de leitos, só nos resta improvisar”, conta um enfermeiro que com medo de represálias preferiu o anonimato.

Sem tomógrafo?
Enquanto visitávamos o HRA, encontramos uma mãe indignada com o fato de o hospital, que segundo fontes da assessoria de comunicação, atende uma população de cerca de 500 mil pessoas (Araguaína e as cidades da região do Bico do Papagaio), não ter um tomógrafo. Segundo ela, que pediu que não revelássemos nomes, o filho acidentado, que sofreu traumatismo craniano e estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital,  precisou realizar uma tomografia e teve que ser deslocado até o CDT Diagnóstico de Araguaína para fazer o exame.

Como era uma emergência, fomos o mais rápido possível até o CDT”, conta chateada a mãe. “É um absurdo! Os transtornos com o deslocamento e os riscos para o meu filho com a demora do exame não foram levados em consideração”, completa ela.

Denúncia
O que chama a atenção, contudo, é que, diferente do que pensa a maioria das pessoas, o Regional tem sim um aparelho para fazer tomografias.

De acordo com informações apuradas pelo Portal O Norte, um tomógrafo de última geração da marca Siemens S/A, no valor de R$ 1.277.000,00, foi adquirido pelo Governo do Estado durante a administração anterior. A aquisição aconteceu em 17 de dezembro de 2009 e os recursos para a compra foram liberados através de emenda da senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

No dia 7 de julho de 2010, em visita ao hospital, Kátia questionou a demora na instalação do aparelho. Segundo um funcionário do HRA, que não quis se identificar, o tomógrafo foi instalado cerca de um mês depois das cobranças da senadora. Todavia, só funcionou dois meses, sendo desinstalado logo após as eleições de 2010. O motivo, conta ele, seria um suposto acordo feito entre o Regional e o CDT, que determinou que todo paciente que precisa fazer tomografia deve ser encaminhado à clínica particular.

O possível pacto entre o CDT e o HRA levanta suspeita de irregularidades e é questionado, inclusive, por colaboradores do hospital: “Se temos aqui um tomógrafo de última geração novinho, por que temos que encaminhar os pacientes para o CDT?”, inquire o denunciante que finaliza dizendo: “na época da inauguração fizeram festa; hoje o aparelho está lá trancafiado numa sala sem qualquer serventia, enquanto centenas de pessoas precisam dele”.