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DENÚNCIA

Por falta de colchões, pacientes em coma no HRA são instalados em macas

07 junho 2011 - 10h06

Daniel Lélis
Da Redação

 

O Hospital Regional de Araguaína (HRA) é alvo de mais uma denúncia grave. De acordo com um funcionário, que temendo represálias preferiu não se identificar, pacientes entubados, ou seja, aqueles que dependem da ajuda de aparelhos para respirar, que deveriam estar na sala amarela ou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), encontram-se na sala vermelha, setor de urgência e emergência do hospital.

Segundo a fonte, a sala vermelha não oferece suporte adequado para pacientes entubados, uma vez que estes precisam de uma série de cuidados especiais, incluindo, além de leito equipado, uma equipe de profissionais destacados para oferecer ao enfermo tudo quanto for necessário. “É um absurdo! A sala vermelha não é lugar de paciente entubado, em coma. Eles deveriam estar na UTI ou em uma unidade semi-intensiva aos cuidados de uma equipe especializada”, conta o funcionário do HRA.

“Falta tudo”
De acordo com o denunciante, a UTI do HRA ofereceria dez leitos, dois a mais que a sala amarela. Contudo, o número de vagas dos dois setores há muito tempo seria insuficiente para um hospital que atende a toda região norte do Tocantins, sul do Maranhão e Pará. O problema é agravado, de acordo com ele, porque alguns destes leitos ficariam à disposição de pessoas com alto poder aquisitivo: “Quando um poderoso precisa, ele pode estar certo que terá um leito garantido no Regional. Para os mais humildes até que surja uma vaga, muitos já vieram a óbito”, denuncia.

A situação dos entubados que estão na sala vermelha do Regional, que seriam cerca de quatro pessoas, não poderia ser pior, uma vez que, segundo o denunciante, faltaria até mesmo colchão: “É uma falta de respeito com os pacientes, colocá-los em cima de uma maca sem colchão, sem qualquer conforto, entregues à própria sorte”, desabafa o funcionário, que acrescenta: “Quando alguém me pergunta o que está faltando no HRA, respondo que o questionamento mais apropriado seria: o que não está faltando? Falta tudo no Regional! Dia desses nem máscara tínhamos para trabalhar e durante uma semana faltou álcool”.

Perseguição
O denunciante conta, que o funcionário do HRA que resolve denunciar os problemas do hospital, buscando soluções para os mesmos, é vítima de perseguição: “Conheço funcionários que depois de denunciar a situação caótica do hospital, como a falta de estrutura, a carência de profissionais, foram remanejados para funções em outros órgãos. É por isso que poucos tem coragem de contar a verdade, de tornar público o abandono e o descaso presentes no HRA”.

Sem cirurgiões plásticos
Como o Portal O Norte mostrou em várias reportagens, o Hospital Regional de Araguaína não conta com cirurgiões plásticos. Os 5 médicos que faziam parte da equipe pediram demissão, reclamando das condições precárias em que eram obrigados a trabalhar e da falta de valorização profissional. Além disso, denunciaram em entrevista concedida com exclusividade ao site uma suposta irregularidade no funcionamento do Hospital. (confira a entrevista na íntegra, aqui). Segundo eles, no Regional há diretor clínico, que atua administrativamente, mas não há, como obriga a lei, o cargo de diretor técnico, que deve ser exercido por médico.

Na época, a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde informou que contraria profissionais para formar uma nova equipe de cirurgiões plásticos. Enquanto isso, afirmou, os serviços prestados pelos médicos que pediram demissão seriam referenciados para os centros mais próximos que podem prestá-lo. Quanto à irregularidade apontada pelos médicos, a Secretaria informou que a desconhece completamente.

Calamidade
Os graves problemas enfrentados pelo HRA e outros importantes hospitais do Tocantins levaram o Governador Siqueira Campos (PSDB) a decretar no dia 19 de abril deste ano, estado de calamidade pública no setor hospitalar. A realidade serviços de saúde, contudo, de lá para cá, pouco mudou. O Regional de Araguaína prova isso.