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RECLAMAÇÃO

Viação Lontra culpa o Poder Público pela má qualidade do transporte

31 janeiro 2011 - 12h10

Da Redação
 

Em resposta às questões referente à má qualidade na prestação de serviço reclamada pelos usuários de transporte público da cidade de Araguaína e publicada na semana passada no Portal O Norte, a diretoria da empresa Viação Lontra, através da advogada e assessora jurídica da concessionária, Drª Sandra Regina Ferreira Aguiar, em entrevista exclusiva ao Portal, esclarece as problemáticas que abrangem o contesto do transporte público dentro da realidade do município.

A Viação Lontra
O início da história da Viação lontra em Araguaína, relacionada ao transporte público, deu-se no ano de 1977 quando a empresa foi vencedora de uma concorrência pública, firmando assim um contrato que continua em vigor até hoje devido a uma renovações contratuais com a prefeitura. “A empresa Viação Lontra chegou a Araguaína pra investir no município quando poucos acreditavam no potencial desta localidade e se aventuraram a desbravar essa região remota do país”, diz a advogada.

Os Terminais
De acordo com informações da assessora jurídica, há mais de vinte anos a concessionária havia solicitado ao Poder Público, a construção dos terminais que tinham como objetivo, melhorar o sistema de transporte no município.

Diante dos argumentos de falta de recurso público pra esta finalidade, a empresa custeou a construção dos dois terminais que estão em operação desde o início de 2010, um localizado na Praça das Bandeiras e o outro no Bairro JK, às margens da rodovia BR- 153.

Os terminais, além de beneficiar o usuário com uma única tarifa, que possibilita o deslocamento por um maior número de lugares possíveis, visa uma maior agilidade no serviço prestado, já que os mesmos fazem conexões com todas as regiões da cidade.


No entanto, a construção dos terminais foi apenas uma solução paliativa, tendo em vista os diversos problemas de infraestrutura apresentados pela empresa, que segundo Drª Sandra, dificultam a solução de problemas como o atraso que é tão questionado pela população que necessita utilizar o transporte.

Atrasos e problemas de Infraestrutura
A empresa aponta como um dos principais motivos do atraso na prestação do serviço, a falta de estrutura viária por vários setores de Araguaína , sobretudo no Centro da cidade, onde não há uma malha viária destinada exclusivamente ao setor de transportes (Coletivos, táxis, moto-táxis) e pela ausência de outras vias paralelas que possam escoar o trânsito. “O problema é antigo, primeiramente observamos o fato de Araguaína não ser uma cidade planejada e a decorrência nos últimos anos do grande volume de veículos que ocupam as ruas do Centro, refletem num tráfego mais lento que afeta diretamente o tempo de percurso de uma viagem a ser realizada pelos coletivos”, justifica.
 

Ainda falando sobre a questão da decorrência constante de atrasos, Sandra explica que há vários outros fatores externos que atrapalham na execução precisa dos horários programados que somam ao todo 712 por dia. “Essa é uma questão que dificulta uma resposta precisa, mas temos conhecimento de vários motivos que ocasionam um atraso, por exemplo, a interdição de uma rua, principalmente na época de chuvas influencia bastante na mudança da rota, porque há setores que podem mudar uma quadra ou mais na rota, o que influi no percurso programado. O embarque e desembarque de um portador de necessidades especiais ou idoso requer mais tempo e atenção por parte do motorista e assim por diante”, exemplifica.


Quando os problemas são técnicos, a empresa garante que o veículo é recolhido imediatamente para a substituição: “Sabemos da nossa responsabilidade em transportar vidas humanas e jamais permitiríamos que um veículo continue a trafegar com problema mecânico”, garante.

Imprudência
A imprudência de alguns motoristas da empresa foi um fator bastante mencionado pelos passageiros na entrevista realizada pela equipe de reportagem do Portal. Segundo a advogada, a empresa sempre procura tratar do assunto com a maior seriedade possível, iniciando este comprometimento, segundo ela, com a seleção dos funcionários que para serem contratados pela empresa, passam por rigorosos procedimentos de admissão: “O candidato a motorista da Viação Lontra além de precisar ter carteira “D” há mais de dois anos, deve ter a carteira profissional, o que indica que ele passou por um curso específico junto ao Detran. Ele também responde a testes de trânsito de volante e após a contratação recebe instruções sobre normas internas de como agir em situações adversas envolvendo passageiros, direção defensiva e condução específica pra cada tipo de veículo antes de iniciar a trabalhar com passageiros”, e completa “Dessa forma, a imprudência ocorre não por falta de conhecimentos técnicos. Nos terminais, existem nossos números de telefones à disposição da comunidade e sempre que chega uma denúncia de abuso nesse sentido, apuramos o fato que quando confirmado, aplicamos advertência e quando reincide o fato, podemos demitir o infrator”, esclarece a advogada.


Renovação da frota
Atualmente cerca 40 ônibus fazem a rota do transporte público na cidade de Araguaína. Sandra explica que no ano de 2003 a concessionária substituiu 20 unidades mais velhas por veículos novos, entretanto, desses 20 veículos adquiridos, por conta de um desgaste “prematuro”, diz a advogada, devido aos problemas estruturais da cidade, como buracos nas ruas, resultaram num elevado custo em manutenção, obrigando a empresa a retirá-los de circulação e substituí-los, por parte dos veículos grandes que estão circulando hoje. “Em 2007, integramos mais duas (2) unidades novas, em 2009 mais três (3), no entanto ocorre que a malha viária de Araguaína não oferece condições adequadas para veículos mais leves e menores que acabam por desgastar de maneira precoce, como ocorreu com os carros tirados de circulação”, afirma.


Drª Sandra esclarece ainda que a renovação das frotas, implica assumir dívidas de grande monta e hoje pra que a empresa assuma essa responsabilidade, seria necessário que o Poder Público desse garantias de pagamento destes investimentos e resolvesse os inúmeros problemas que abrangem a questão do transporte público e que são de responsabilidade da prefeitura, como a manutenção de uma estrutura viária que possibilite um tráfego de qualidade.

Finalizando a entrevista, Sandra fala sobre o interesse que a empresa tem com relação a futuros investimentos na cidade: “Atualmente priorizamos a continuidade do projeto dos terminais. Pretendemos ampliar a integração de um terceiro terminal que a nosso ver necessita situar-se nas imediações do Jardim das Flores e Atacadão meio a Meio” e finaliza dizendo “Diante do tão complexo seguimento de serviço que é o transporte urbano, não podemos simplesmente jogar a culpa na empresa que é responsável pelo serviço, porque essa atividade envolve não só a concessionária, mas também, o Poder Executivo e Legislativo do município e a própria comunidade. Sendo assim, acreditamos na verdadeira necessidade de políticas públicas voltadas ao sistema de transporte , isenta de populismo, que defina por meio de todos os envolvidos que tipo de transporte público queremos para a cidade de Araguaína, levando em consideração a realidade em que vivemos”, pontua.