Uma dor que começou no braço e terminou na UTI. Uma denúncia feita ao Portal O Norte revela um caso alarmante de possível negligência médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araguaína que quase custou a vida de uma paciente.
Larissa Pereira acusa a equipe da unidade de negligência depois que a mãe Marinalva Pereira Leite (45 anos), sofreu um infarto após procurar a unidade duas vezes, apresentar sintomas cardíacos evidentes e ainda assim ser liberada sem a realização de exames adequados.
ENTENDA O CASO
Tudo começou no dia 12 de maio, quando Marinalva começou a sentir dores no braço esquerdo, palpitações no peito e um cansaço fora do comum. Levada à UPA no fim do dia, a família solicitou um eletrocardiograma, mas o pedido foi recusado pela médica plantonista. “Ela disse que não tinha necessidade, que era só nervo no braço”, relatou Larissa.
Segundo relatos de Larissa, a paciente recebeu duas injeções, incluindo uma de Benzetacil, além de uma receita com outros medicamentos. Naquela noite, as dores retornaram com força. Ainda assim, ela tentou manter a rotina e foi trabalhar no dia seguinte, mas precisou retornar à UPA devido ao agravamento dos sintomas.
NOVO PEDIDO DE ELETRO É NEGADO
Na segunda ida à UPA, Marinalva implorou para fazer um exame cardíaco. Estava com perda de força no braço esquerdo, fortes palpitações e relatava um mal-estar crescente. Ainda assim, a equipe médica insistiu que o problema era muscular e novamente aplicou injeções e entregou outra receita. “Uma das injeções, inclusive, aumentou ainda mais a palpitação dela. Só desacelerou 30 minutos depois”, denuncia Larissa.
INFARTO EM CASA
Liberada da unidade, ao chegar em casa, Marinalva continuava sentido fortes dores e após tomar os novos remédios acabou sofrendo um infarto. O SAMU foi acionado às pressas e, segundo a filha, chegou rapidamente. Após os primeiros socorros, ela foi encaminhada de volta à UPA, onde somente então o eletrocardiograma foi feito — e confirmou um infarto gravíssimo.
DO DESCASO AO CATETERISMO DE EMERGÊNCIA
Dessa vez, sob os cuidados de outra médica, Marinalva foi encaminhada à sala vermelha e logo em seguida, transferida para o Hospital Dom Orione, onde passou por um cateterismo de urgência. O procedimento revelou três artérias entupidas. Stents foram implantados e apesar da gravidade, a filha disse que o estado de saúde dela se estabilizou. Marinalva permanece internada em observação na UTI.
“Os próprios médicos do Dom Orione disseram que se ela demorasse mais uns dez minutos, não teria resistido e que um simples eletro poderia ter evitado toda a angústia e sofrimento que ela passou”, relatou Larissa, indignada.
“FOI UM DESCASO COM A MINHA MÃE”
Larissa afirma já ter escutado diversos relatos semelhantes de pessoas insatisfeitas com o atendimento na mesma unidade de saúde. “Quantas pessoas assim como minha mãe já passaram por isso?”, questiona.
Ela também destaca que os sintomas de Marinalva eram evidentes: dor irradiando no braço, fadiga, palpitações — todos sinais clássicos de problema cardíaco. “Deram até remédio pra dor nos ossos pra ela… não tem cabimento. Foi um descaso que poderia ter custado a vida da minha mãe.” e completou: “Ela precisou passar um dia inteiro no oxigênio. O que mais me dói é lembrar da cena e saber que tudo isso poderia ter sido evitado com um exame que a gente pediu desde o início.”
POSICIONAMENTO
O Portal O Norte procurou a assessoria do ISAC - Instituto Saúde e Cidadania, responsável pela gestão da UPA de Araguaína para se posicionar sobre a denúncia. Em nota, o Instituto informou que deu início a uma apuração interna. Confiraa abaixo a nota na íntegra:
Nota à imprensa
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Anatólio Dias Carneiro, em Araguaína, deu início a uma apuração interna, conduzida pela equipe técnica e pela Comissão de Prontuário, com o objetivo de analisar os atendimentos realizados nos dias mencionados e os respectivos fluxos assistenciais.
A apuração segue os trâmites administrativos necessários à avaliação das condutas envolvidas, garantindo a verificação criteriosa dos registros e o cumprimento dos protocolos institucionais.
A unidade permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários e reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade social e a excelência na gestão da saúde pública.
Atenciosamente,
Marlene Costa de Sousa
Diretora Administrativa
UPA Anatólio Dias Carneiro