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"FURA-FILA"

Operação apura esquema de venda de cirurgias e favorecimento político no HRA

04 novembro 2025 - 17h44Por Da Redação

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPTO), deflagrou na manhã desta terça-feira (4/11) uma operação para desarticular uma suposta organização criminosa que atuaria dentro do Hospital Regional de Araguaína (HRA), a maior unidade de saúde do norte do Estado.

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A investigação apura crimes de corrupção, venda de procedimentos cirúrgicos, favorecimento político e a criação de um esquema de “fura-fila” no Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é combater a cobrança indevida por atendimentos que deveriam ser gratuitos e reforçar a transparência na gestão hospitalar.

MANDADOS E APOIO POLICIAL

Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Araguaína, em endereços ligados a servidores públicos e outros investigados. As equipes recolheram documentos, computadores, celulares e bens que possam servir de prova. A operação contou com o apoio da Polícia Civil.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo Gaeco e Polícia Civil  Foto: MPTO/Divulgação

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo Gaeco e Polícia Civil — Foto: MPTO/Divulgação

O ESQUEMA

As investigações começaram em maio de 2022, após uma denúncia anônima. De acordo com o Gaeco, o grupo criminoso teria uma estrutura organizada, com divisão de funções e forte influência dentro da administração do HRA. O objetivo seria obter vantagens financeiras e políticas.

Entre as práticas investigadas estão:

Venda de cirurgias e exames: pacientes eram supostamente cobrados para ter prioridade em procedimentos e resultados de biópsias;

Fura-fila no SUS: o fluxo de internações era manipulado, especialmente à noite e nos fins de semana, para beneficiar quem pagasse ou tivesse indicação política;

Favorecimento eleitoral: a estrutura do hospital teria sido usada para coagir servidores terceirizados e distribuir cestas básicas em troca de apoio político;

Manipulação de pacientes: integrantes do grupo orientavam pacientes a não aceitarem alta médica, prometendo acelerar cirurgias mediante pagamento.

LIDERANÇA E RAMIFICAÇÕES

O Gaeco aponta que o esquema seria comandado por um membro da alta direção do hospital, suspeito de interferir em regulações médicas, manipular servidores e atender demandas políticas.

Outros servidores também são investigados por negociar procedimentos e até por continuar frequentando o hospital após serem exonerados, atuando como intermediários entre pacientes e o grupo criminoso.

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

A operação é resultado de uma investigação detalhada que reuniu depoimentos, interceptações telefônicas e quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro autorizadas pela Justiça.

Os levantamentos indicam movimentações financeiras incompatíveis com os salários dos investigados, reforçando a suspeita de enriquecimento ilícito. Em um dos casos, foi identificado o pagamento via PIX a um parente de um dos suspeitos, supostamente como contrapartida por um procedimento cirúrgico.

O Hospital Regional de Araguaína é referência para mais de 60 municípios tocantinenses e recebe pacientes de todo o Estado. A operação busca garantir que o atendimento público volte a seguir os princípios da universalidade e gratuidade do SUS, afastando práticas que comprometem o direito à saúde e a confiança da população.

O QUE DIZ O HOSPITAL REGIONAL DE ARAGUAÍNA

"A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que não houve buscas e apreensões nas dependências do Hospital Regional de Araguaína (HRA), nem nas demais unidades geridas pela Pasta, relacionadas à referida operação, que se trata de ações de 2022.

A SES-TO destaca que não foi notificada da ação, portanto não pode responder pontualmente sobre a operação e que não coaduna com quaisquer ações que ferem a legislação e, por isso, está à disposição para colaborar com a elucidação dos fatos e as medidas legais cabíveis.

Palmas, 04 de novembro de 2025

Secretaria de Estado da Saúde"