Um novo medicamento brasileiro, chamado polilaminina, foi apresentado nesta terça-feira (9) em São Paulo. O fármaco é resultado de 25 anos de pesquisa da professora doutora Tatiana Coelho de Sampaio, da UFRJ, em parceria com uma equipe de biólogos.
Produzido a partir da placenta humana, o composto demonstrou potencial inédito para regenerar a medula espinhal em casos de paraplegia e tetraplegia.
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RESULTADOS EM PACIENTES
Nos testes experimentais, a substância foi aplicada diretamente na coluna de voluntários. Oito pacientes apresentaram recuperação total ou parcial dos movimentos.
A atleta paralímpica de rugby Hawanna Cruz Ribeiro, tetraplégica desde 2017, afirma ter recuperado até 70% do controle do tronco. Já Bruno Drummont de Freitas, vítima de acidente de trânsito, disse ter voltado a andar cinco meses após receber o medicamento apenas 24 horas depois do trauma.
COMO FUNCIONA
Segundo os pesquisadores, a polilaminina estimula neurônios maduros a rejuvenescerem, favorecendo o crescimento de novos axônios, fibras responsáveis pela transmissão dos impulsos elétricos. O efeito foi observado também em animais: cães voltaram a andar e ratos mostraram melhora em apenas 24 horas.
INVESTIMENTO E TESTES
O projeto recebeu investimento de R$ 28 milhões do laboratório Cristália, que aguarda autorização da Anvisa para iniciar um estudo clínico mais amplo no Hospital das Clínicas e na Santa Casa de São Paulo. A expectativa é que a liberação ocorra ainda neste mês.
O medicamento será inicialmente testado em pacientes com lesões recentes, de até três meses. Casos crônicos poderão integrar fases posteriores.
CAUTELA E EXPECTATIVAS
Apesar do entusiasmo, a pesquisadora Tatiana Sampaio destaca que os resultados variam conforme o paciente e que a comprovação em larga escala ainda é necessária.
O neurocirurgião Hugo Sterman Neto, da Rede D’Or, reforça a relevância da descoberta: “Até hoje, não existia método eficaz para regenerar tecido nervoso da medula. Se validada, a polilaminina pode transformar vidas no mundo inteiro.”
PERSPECTIVA GLOBAL
O processo de patente internacional está em andamento, mas a chegada ao mercado deve levar alguns anos. Ainda assim, a descoberta já é vista pela comunidade científica como um avanço histórico que pode colocar o Brasil na liderança mundial do tratamento de lesões medulares.


Bruno Drummond de Freitas, 31, durante processo de recuperação após sofrer um acidente de carro que o deixou tetraplégico, em 2018 - Crédito: FolhaPress


