A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público estadual deflagraram nesta quarta-feira (24) a Operação Blasfêmia, contra um esquema de estelionato religioso via telemarketing. O grupo prometia "curas" e "milagres" em troca de contribuições que chegavam a R$ 1.500. Segundo as investigações, a organização arrecadou pelo menos R$ 3 milhões em dois anos.
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Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares. A Justiça determinou tornozeleira eletrônica, bloqueio de contas e sequestro de bens de Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como Pastor ou Profeta Santini, apontado como líder do esquema.
23 RÉUS E ATÉ 29 ANOS DE PRISÃO
No total, 23 pessoas foram denunciadas pelos crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crimes contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão.
Segundo a polícia, a atividade não tinha relação com práticas religiosas legítimas. "A intenção era apenas arrecadar dinheiro e enganar os fiéis", afirmou o delegado Luiz Henrique Marques, da 76ª DP (Niterói).
PASTOR ALEGOU PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
Santini foi localizado em casa, na Barra Olímpica, e resistiu a abrir a porta. Após a entrada da polícia, foram apreendidos R$ 32 mil em espécie, dólares, euros, sete celulares, cartões bancários em nome de terceiros, um simulacro de pistola e seu passaporte.
Ao sair para depor, Santini declarou ser vítima de perseguição religiosa. Ele afirmou atuar como pastor há mais de dez anos e negou crimes.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
Santini acumulava 9 milhões de seguidores nas redes sociais e divulgava vídeos com mensagens religiosas acompanhadas de telefones e links para grupos de WhatsApp. Quando o fiel buscava oração, recebia áudios previamente gravados e, ao final, era solicitado um valor via PIX, que variava de R$ 20 a R$ 1.500.
O telemarketing funcionava em escritórios de Niterói e São Gonçalo, com cerca de 70 atendentes que simulavam ser o pastor. Eles eram contratados em plataformas on-line, recebiam comissões e seguiam metas de arrecadação. Documentos apreendidos mostram que havia até demissões por baixa performance.
A investigação começou em fevereiro, quando um call center foi descoberto com 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Foram apreendidos 52 celulares, seis notebooks e 149 chips de telefonia. O material confirmou a atuação coordenada do grupo e revelou vítimas em todo o país.
As apurações seguem para identificar mais envolvidos e ampliar o número de vítimas reconhecidas.


Luiz Henrique dos Santos Ferreira, que se apresenta como Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini - Crédito: Reprodução TV Anhaguera 


