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ENTIDADES PROTESTAM

Prefeito de Cuiabá é acusado de violência política contra professora

31 julho 2025 - 20h44Por Da Redação

Entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres, da população negra e da saúde pública manifestaram repúdio à atitude do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde, realizada nesta quarta-feira (30).

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O prefeito discutiu com a professora e doutora em Saúde Pública Maria Inês da Silva Barbosa, após ela utilizar pronomes neutros em sua fala. A situação culminou na saída da professora do evento, o que gerou forte reação de organizações sociais, que classificaram a postura do gestor como “antidemocrática”, “autoritária”, “racista”, “misógina” e caracterizada como “violência política de gênero”.

PROFESSORA É REFERÊNCIA

Maria Inês é mestre em Serviço Social, doutora pela Faculdade de Saúde Pública da USP e docente aposentada do Instituto de Saúde Coletiva da UFMT. Ela é reconhecida nacionalmente por sua atuação na formulação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

O episódio ocorreu durante a abertura da conferência, organizada pelo Conselho Municipal de Saúde, órgão independente da Prefeitura. O prefeito classificou o uso de pronomes neutros como “doutrinação ideológica”, enquanto a professora defendeu a prática como forma de garantir tratamento igualitário a todos os pacientes. Após a discussão, Brunini ameaçou expulsá-la, e ela optou por deixar o local.

RACISMO, CENSURA E VIOLÊNCIA DE GÊNERO

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) divulgou nota afirmando que a conduta do prefeito representa “atos racistas e de violência de gênero”. A entidade apontou que o caso reflete preconceitos e mecanismos de opressão contra intelectuais negros, indígenas e a população LGBTQIAPN+.

A Rede de Mulheres Negras do Nordeste, formada por 35 organizações, também se solidarizou com a professora. “Não vamos aceitar a tentativa de censura e o silenciamento de uma mulher negra, especialmente Maria Inês, que teve papel estratégico na política de saúde da população negra”, afirmou a nota.

FERRAMENTA DE ACOLHIMENTO

Para as entidades, o uso de pronomes neutros é um instrumento de inclusão e reconhecimento das diversas identidades presentes na sociedade. “Quem tem postura autoritária, antidemocrática e violenta não merece ocupar espaços de poder”, afirmou a Rede de Mulheres Negras.

A Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) classificou como “inadmissível” a intimidação sofrida por Maria Inês, ressaltando que agentes públicos devem respeitar os direitos assegurados pelas normativas do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Odara – Instituto da Mulher Negra, organização baiana dedicada à defesa dos direitos das mulheres negras, também declarou apoio à professora e criticou a postura do prefeito.