A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (11) o julgamento do chamado “núcleo 3” da trama golpista, composto por militares das forças especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”. Eles são acusados de planejar o assassinato de autoridades, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
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O julgamento, conduzido por Moraes, ocorre em meio a forte esquema de segurança em Brasília. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo — formado por oito militares e um agente da Polícia Federal — atuava em três frentes: planejamento de assassinatos, tentativa de cooptar a cúpula das Forças Armadas e disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral.
PLANO “PUNHAL VERDE E AMARELO”
De acordo com a denúncia, os réus criaram o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de lideranças políticas após as eleições de 2022. O objetivo seria gerar caos social e justificar uma intervenção militar.
As investigações indicam que o grupo monitorou autoridades, trocou informações sigilosas e usou técnicas militares para planejar ações clandestinas. Também teriam tentado convencer generais a apoiar uma ruptura institucional.
QUEM SÃO OS RÉUS
Entre os dez acusados estão oficiais da ativa e da reserva, além de um policial federal. São eles:
- General Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – apontado como incentivador do golpe e de um decreto de ruptura institucional por Jair Bolsonaro;
- Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima – autor de planilha com as etapas do golpe;
- Tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira – acusado de monitorar autoridades;
- Tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo – suspeito de integrar o grupo encarregado de “neutralizar” autoridades;
- Coronel Bernardo Romão Corrêa Netto – teria participado de reunião em Brasília para pressionar generais;
- Coronel Fabrício Moreira de Bastos – envolvido na tentativa de influenciar comandantes;
- Coronel Márcio Nunes de Resende Júnior e tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros – acusados de redigir carta em defesa da intervenção militar;
- Tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior – denunciado por incitar animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes;
- Wladimir Matos Soares – agente da Polícia Federal, acusado de monitorar Lula e repassar informações sobre sua segurança.
CRIMES E PENAS
Nove dos dez réus respondem por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio público e dano a patrimônio tombado. Apenas Ronald Ferreira teve a denúncia atenuada.
A PGR aponta que os “kids pretos” formaram uma célula militar clandestina com contato direto com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e figura central na articulação golpista.
PRÓXIMOS PASSOS DO JULGAMENTO
Os votos dos ministros estão previstos para os dias 18 e 19 de novembro. Além de Moraes, participam do julgamento os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino, presidente da Primeira Turma.
Na véspera, Moraes autorizou que dois réus — Bernardo Romão Corrêa Netto e Rodrigo Bezerra de Azevedo — fossem levados à Corte sob escolta. Apenas Rodrigo compareceu à sessão presencial desta terça-feira.
Se condenados, os acusados poderão receber penas severas, proporcionais à gravidade da participação em uma das mais graves tentativas de subversão institucional desde a redemocratização do país.






