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NOVA DENÚNCIA

Criança morre 6 horas após receber alta da UPA e mãe inconformada acusa médicos de negligência

17 dezembro 2019 - 15h26Por Redação

Esse vai ser o Natal mais triste da minha vida”, disse a pedagoga, Cristiana Pereira Costa (31 anos) em entrevista à nossa reportagem, lembrando que no próximo dia 26 de dezembro completará dois meses que ela perdeu o filho caçula. Ela procurou o Portal O Norte para desabafar sobre o caso de Adryan Pereira dos Santos, de apenas 1 ano e 9 meses, que morreu menos de 24 horas depois de ser liberado da Unidade de Pronto Atendimento de Araguaína (UPA). A decisão de falar só agora, aconteceu depois que ela leu a reportagem publicada em nosso site, que conta a história de outra mãe que também perdeu recentemente a filha e acusou a equipe médica de negligência.

O caso

Foi negligência também!”, afirma ela lembrando do pequeno: “Meu filho poderia estar hoje aqui vivo comigo, era tão amado por todos, uma criança carinhosa e cheia de vida”. 

(Arquivo Pessoal)

Cristiana que mora em Araguanã com o marido e um filho de 13 anos, conta que dois dias antes de ser levado para a unidade, Adryan que era o caçula, começou a vomitar e ficou febril. Como ele não melhorou, ela então veio para Araguaína e levou a criança para ser atendida na UPA no dia 25 de outubro onde deu entrada por volta das 14h45. “Ele já estava com uma febre de 39.2 graus quando mediram lá na triagem e foi classificado como atendimento de prioridade Amarela”, lembra.

Quando o médico atendeu Adryan por volta das 15h20, a mãe relatou todos os sintomas e destacou que o filho sofria de sopro no coração. “Ele então solicitou três exames: de sangue, urina e um raio x da barriga que tava inchadinha, depois disso mandou aplicar um Dipirona na veia do meu filho enquanto os exames não ficavam prontos"

Depois de ser submetido a exames, Adryan voltou com a mãe ao consultório já por volta das 19h49. De acordo com Cristiane, o diagnóstico dado pelo médico foi apenas uma leve infecção de urina e gases: “Ele disse que tava tudo bem e já ia liberar o Adryan mas eu pedi para ele receitar um soro na veia. O médico disse que não seria necessário, mas por minha insistência ele receitou”.

A mãe conta que o médico deixou o plantão e depois de tomar o soro, uma outra médica deu alta para a criança por volta de 21 horas. “Mesmo estando mal eles liberaram meu filho, mas eu via que ele não tava bem”, recorda.

Depois da Alta

A pedagoga disse que saiu da UPA indignada e já decidiu ir direto para casa em Araguanã: “Foi quando meu filho piorou na estrada. Chegamos em casa ele tava frio, sem cor, vomitando muito. Então levamos ele para o hospital de Xambioá, lá o Adryan vomitou sangue, o médico colocou logo ele no oxigênio e tirou um raiox do tórax, foi quando ele diagnosticou meu filho com pneumonia e imediatamente acionou o Hospital Municipal de Araguaína (HMA) para conseguir uma vaga na UTI”.

A Morte

Adryan foi levado às pressas para Araguaína. Quando deu entrada na unidade, a mãe conta que ele já estava muito debilitado, vomitando sangue de cor turva. “Ele foi entubado para ser levado para a UTI mas não deu tempo... às 3h20 da madrugada meu filho sofreu quatro paradas cardiorrespiratórias e morreu”, disse chorando.  

Inconformada com a morte do filho, a mãe está convencida de que o diagnóstico equivocado do médico da UPA resultou na morte do seu caçula: “Eu digo, se o médico da UPA tivesse examinado meu filho da forma correta e feito os exames corretos do meu filho, ele talvez não teria morrido, hoje ele estaria aqui comigo e eu não estaria sofrendo dessa forma”, lamenta.

Medidas Legais

A mãe disse que logo depois da morte de Adryan procurou a Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência (BO) e agora afirmou que essa semana vai acionar o Ministério Público do Tocantins (MPTO). “São muitas mortes, é muita negligência, isso não pode ficar assim. Eu tô aqui clamando pela atenção do poder público, pedindo justiça, pedindo mais atenção, cuidado e respeito dos médicos pela vida das pessoas que eles prometeram salvar no juramento que fazem quando se formam” e acrescentou, “Ontem foi a filha da Gardênia, hoje meu filho e amanhã? vai ser o filho de quem? O sobrinho de quem? A mãe de quem? isso não pode continuar!”, pontua.

"Nenhuma mãe merece passar por uma dor dessa", diz Cristiane. (Foto: Arquivo Pessoal)

Cristiana disse que já acionou um advogado também para entrar com um processo judicial contra a unidade e o médico plantonista. 

O que diz a UPA

O Portal O Norte já entrou em contato com o Instituto Saúde e Cidadania-ISAC, responsável pela administração da UPA, para esclarecimentos sobre o caso. Confira abaixo a nota na íntegra:

A Unidade de Pronto Atendimento - UPA do Araguaína Sul informa que se mantém à disposição da família do paciente citado na reportagem para esclarecimentos e demais informações necessárias, assim como se coloca receptiva aos órgãos responsáveis para as eventuais apurações.

A mãe gravou um depoimento falando sobre o caso: