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Por: João Gomes

Visitados por Deus

18 maio 2011 - 17h06
Que é o homem mortal para que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites?” (Salmo 8: 4).

Foi com essas palavras que o salmista Davi exclamou poeticamente quando compôs a estrutura do salmo oito do hinário de Israel. Estão ali no verso 04 duas perguntas que ainda hoje ecoa no espaço. A primeira questiona a memória de Deus em relação ao homem: “Que é o homem mortal para que dele te lembres?” e aí fica evidente nossa pequenez em relação a tudo que é eterno e espiritual. Já na segunda pergunta esse questionamento se acentua ainda mais quanto à possibilidade de uma visitação divina a esse homem mortal. “E o filho do homem, para que o visites?”.

Ora esse sentimento de lembrança e visitação está presente nas relações de todos nós, e faz parte no nosso dia a dia como elemento primordial na composição da vida social e familiar. Ele é tão necessário, que na sua ausência nos embrutecemos, ficamos insensatos e com fortes tendências a comportamentos desajustados.

Mas tanto o homem quanto o próprio Deus sentem desejos dessa convivência, isso ficou evidenciado no jardim no Édem, quando Deus amorosamente procurou o casal para conversar, mesmo depois de haverem fracassado. Em função disso, vivemos uma eterna procura por relacionamentos, ora interpessoais ora divinos, como forma de realização, pois fomos criados essencialmente sociáveis e carentes de relacionamentos.

O desejo por essa busca ocorre primeiramente em Deus, não por carência de sua parte, mas por prazer, pois ele nos criou para esse fim. Por essa razão, essa manifestação ocorre de cima para baixo, como foi dito: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. E aqui entra a oração do ex-ateu Richard Wumbrand - em um dos seus momentos de dúvidas - “Deus, eu sei que tu não existe, mas se por acaso tu existires não é meu dever revelar-me a ti, mas teu dever se revelar a mim”. Naquela mesma noite Deus veio a Richard e revelou-se a ele.

Vivemos em conflitos constantes com essa convivência humano-divina, e por força das nossas limitações sofremos certa desvantagem em relação ao mundo espiritual, que, por sua vez, também se distancia de nos, não por querer, mas empurrado pela nossa insensatez e materialismo. Nessa dupla convivência, o que é espiritual, seja em dimensão maior ou menor, respeita a nossa liberdade e só entra em nossa casa quando convidado.

Deus só é percebido pelo olho e ouvido da alma, como ele mesmo disse: “quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz à Igreja”. Aqui se trata exclusivamente da percepção auditiva da alma, pois de outra forma seria insana tal recomendação, pois todos os homens têm ouvido. Quando nossa alma é tocada por essa voz do mundo espiritual, somos induzidos a uma nova convivência e nos tornamos diferentes a ponto de sermos chamados de “iluminados”. Quando isso ocorre, várias virtudes são afloradas em nós, entre elas a moral, a ética, a justiça, o humanismo e o desapego pelo que é material; dando a primazia a tudo que emana da alma, que, na condição de sopro de Deus, sente carência dessa condição divina para viver feliz.


João Gomes da Silva é teólogo, escritor, conferencista e coordenador do Seminário Teológico Paulo Leivas Macalão, em Colinas do Tocantins. E-mail: [email protected]