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Aparências: saborei-as com moderação

05 janeiro 2011 - 11h52

Por: Daniel Lélis


Começo este artigo com uma constatação: nunca a imagem valeu tanto. Em nenhum momento da história da humanidade valorizou-se tanto as aparências. Chegamos a um tempo em que a superficialidade grassa insuperável. Aparecer hoje é prioridade. Não é a proposta deste texto, contudo, tão somente criticar a atitude comportamental tão em voga na atualidade, mas sim entendê-la. Para tanto, é importante nos despir dos preconceitos, abrir mão da hipocrisia e reconhecer: todo mundo gosta, um pouquinho que seja, de se mostrar.

O que é bonito é para se mostrar, já dizia o povo. O que é sucesso, o que é polêmico, o que é extravagante, o que é fútil, também. Hoje com o avanço da internet, ficou difícil se esconder. Nas redes sociais, até os detalhes mais íntimos das pessoas são revelados. Detalhe: por elas próprias. Hoje qualquer um pode ser celebridade. Basta postar um vídeo no YouTube apresentando algo diferente, como andar de cabeça para baixo, ou correr com os pés colados, e pronto, milhares de acessos garantirão os 15 minutos de fama sonhados. E não há limites para quem deseja se tornar famoso. Não faz muito tempo um asiático se jogou na frente de um trem em movimento só para ter o vídeo perfeito para postar em sua página na internet e fazer sucesso. O que essas pessoas buscam? Serem notadas. Não passar despercebido virou obsessão nos dias de hoje. Sintoma de uma época em a privacidade virou moeda de troca e a vergonha sucumbiu.

Seja por insegurança, ou por necessidade de auto-afirmação, aprendemos que não importa o quanto sejamos bons. É preciso mostrar que somos. Aprendemos que não basta que sejamos competentes. É preciso parecer que somos. A imagem virou a rainha das verdades. E é aí que mora o perigo. Valorizar a imagem é torná-la decisiva; é pormenorizar o conteúdo, reservando a ele pouca ou nenhuma atenção. Viramos escravos das aparências. Mas não, não devemos nos culpar por isso. O circo foi montado há muito tempo. E não nos deixaram opções. Ou entramos no jogo do faz de conta ou farão de conta que não existimos. Render-se a vaidade, portanto, querido leitor, virou peça fundamental de sobrevivência em nosso tempo. Contudo, antes de ser apenas um sinal de uma nova era, o endeusamento da imagem é o reflexo de uma necessidade humana: o desejo de se fazer notar.

A questão é: imagem é tudo? Lógico que não, mas é, e não falo isso porque desejo que seja, mas porque as circunstâncias assim decidiram, FUNDAMENTAL. É por isso que é importante zelar da nossa. Ter cuidado com a imagem que vendemos para o outro é exercício para toda a vida. Entretanto, não podemos nunca nos permitir a menosprezar o nosso interior; aquilo que vai além da embalagem. Máscaras caem. Imagens mentem. A verdade, ah essa vem de dentro e precisa ser valorizada. Não somos bons ou honestos porque parecemos que somos, mas porque fazemos o bem e praticamos a honestidade. E se no restaurante da vida, o prato principal chama-se APARÊNCIAS, saboreie-as com moderação.