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PRECONCEITO E VIOLÊNCIA

Estado do Tocantins registra 25 mortes homofóbicas em 9 anos

08 abril 2011 - 11h05

Daniel Lélis
Da Redação


O dado é assustador. Segundo o GIAMA – Grupo Ipê-Amarelo pela Livre Orientação Sexual, desde 2002, quando começou a monitorar os casos de assassinatos homofóbicos no Tocantins, 25 homossexuais perderam a vida em razão da sua orientação sexual. A maioria dos crimes, de acordo com informações da entidade, ocorreram em Palmas e Araguaína e foram praticados com requintes de crueldade.

Um relatório do GGB - Grupo Gay da Bahia, divulgado no último dia 4, revela que 260 LGBTs (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) foram assassinados no Brasil em 2010, o que corresponde a um crescimento de 31,3% em relação ao mesmo período de 2009 (198 mortes violentas). Em relação aos últimos cinco anos o aumento é ainda mais significativo: 113%. 43% dos homossexuais, aponta o relatório, foram assassinados a tiros. Outros 27% morreram com golpes de faca, 18% foram espancados ou apedrejados e 12%, sufocados ou enforcados.

O estado da Bahia, pelo segundo ano consecutivo, lidera a lista em números absolutos: 29 homicídios, seguida de Alagoas, com 24 mortes, e Rio de Janeiro e São Paulo, com 23 cada. De acordo com o GGB, o Nordeste confirma ser a região mais homofóbica do país, uma vez que registrou registrou 43% dos LGBT assassinados. "O risco de um homossexual do Nordeste ser assassinado é cerca de 80% mais elevado do que no Sul e no Sudeste", afirma Luiz Mott, presidente de honra do GGB.

O GIAMA, assim como o GGB, usa a mesma metodologia para montar as estatísticas, tendo como base os casos que repercutem na mídia. Em entrevista exclusiva ao Portal O Norte, o presidente do grupo tocantinense, Silvânio Coelho Mota, destaca: "Obviamente os números de crimes homofóbicos no Tocantins são bem maiores. Prova disso, é que numa pesquisa realizada na IV Parada LGBT de Palmas, ocorrida em 2007, 8 em cada 10 dos entrevistados disseram já ter sofrido algum tipo de violência, seja física ou verbal, por conta de sua orientação sexual". “É um número alarmante” frisa Mota, que também lamenta a falta de sensibilidade do governo estadual para com a situação.

PLC 122
O Projeto de Lei da Câmara nº 122 de 2006 pretende criminalizar a violência e o preconceito contra homossexuais em todo o Brasil, tipificando como crime a discriminação em razão da orientação sexual. O projeto original foi apresentado em 2001, pela então deputada Iara Bernardes (PT-SP). Após 10 anos tramitando, já foi aprovado na Câmara dos Deputados em 2009, depois de ser modificado inúmeras vezes. Recentemente, mais mudanças foram implantadas, o que obriga o seu retorno a Câmara para ser aprovado com o novo texto.


Onde buscar apoio?
Em todo o Tocantins, lamenta o presidente do GIAMA, somente Palmas oferece um serviço específico de proteção aos homossexuais: "Desde 2005, funciona na estrutura da Prefeitura a Coordenadoria da Mulher, Direitos Humanos e Equidade – COMUDHE, que oferece gratuitamente apoio psico-juridico-social às vítimas de homofobia por meio do Centro de Referência de Combate a Homofobia", conta Silvânio. Para atendimento, segundo ele, basta que a pessoa se dirija até a Coordenadoria, que fica no Parque Césamar: "Se preferir, contudo, os interessados podem marcar consulta pelo telefone: (63) 2111-2810, de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 18:00h", finaliza.

GIAMA
O GIAMA, que completa em 2011 nove anos de fundação, é referência no combate a discriminação contra homossexuais no Tocantins, sendo a única ONG do Estado filiada a ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, a maior entidade do gênero na América Latina.

Além de organizar a Parada LGBT de Palmas, considerada a segunda maior da Região Norte do Brasil, o GIAMA desenvolve, nas mais variadas áreas, atividades voltadas para a promoção do respeito e da cidadania dos gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis tocantinenses.


Mais informações: http://giama-to.blogspot.com/