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INCENTIVO

Defensoria investe em projeto de leitura para alcançar menores infratores

03 agosto 2019 - 09h40

A leitura pode ser algo distante para quem não dispõe de livros e não teve o incentivo como de familiares leitores ou contadores de histórias. Os livros podem se apresentar como algo distante, principalmente àqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade. Permitir o encontro com obras literárias significa um passo ao manuseio e à leitura. Esse foi o convite ao entregar nesta sexta-feira, 2, mais de 600 obras literárias e melhorias estruturais na biblioteca da Escola Estadual Castro Alves, em Santa Fé do Araguaia, no projeto intitulado “Leitura: espaço de liberdade, da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO).

Segundo a defensora pública Téssia Carneiro, que é titular da 1ª Defensoria de Família e Sucessões da DPE em Araguaína e também doutoranda da Universidade Federal do Tocantins (UFT), as ações vão propiciar o melhor cumprimento da medida socioeducativa, além de permitir a participação do adolescente no processo de responsabilização.

Segundo o diretor do Ceip, Willierkens Macedo dos Santos, os internos serão levados até a biblioteca. “Assim como outras atividades externas, como a participação nos jogos interclasse e feira de ciências, os adolescentes também poderão usar a sala da biblioteca como atividade externa, sob supervisão dos agentes socioeducativos”, explicou Santos.

Antes, com uma pequena quantidade de obras doadas pelos próprios funcionários, a equipe multidisciplinar desenvolvia atividades de incentivo, que serão aperfeiçoadas com a variedade de livros disponíveis a partir de agora. Um dos adolescentes do Ceip, com 16 anos, disse que o livro que mais gosta é “O poder da Esperança”, título que ganhou em um prêmio de leitura na unidade. “Tem muitos assuntos que a gente se identifica no livro”, disse.

Além dos adolescentes acolhidos no Ceip Norte, que hoje tem 13 internos, a biblioteca vai atender a cerca de 500 alunos regulares do município.

Para a estudante da Escola Castro Alves, Clarice de Maria Costa, 11 anos, os alunos terão mais opção de livros para levar para casa. Já a estudante Giovana Rabelo Marques, destaca que a Escola a elegeu leitora do ano em 2017 e esse ano já leu bastante. “Foi uma boa ação para a escola porque muita gente gosta de ler e não tem livro em casa, então, a biblioteca ajuda bastante”, disse a menina.

Parceria

A reforma da biblioteca foi um dos pontos do projeto, que recebeu apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Araguaína, com destinação de verbas oriundas de acordos judiciais para aquisição de mobiliário, equipamento e reforma da biblioteca. A verba de 10 mil reais possibilitou a aquisição de um notebook, uma impressora multifuncional, três conjuntos de mesas com quatro cadeiras, um ar-condicionado e obras literárias. Também foi doado um notebook pela idealizadora do projeto, no início da ação, para informatização do acervo.

A diretora da Escola, Thaminne Barbosa Rodrigues, demonstrou satisfação com as melhorias da biblioteca. “Os alunos aprovaram as novidades do espaço, que é resultado da decisão dessas instituições que escolheram a nossa escola para beneficiar”, falou. Segundo o pedagogo Edson Vilela, responsável pelo setor, “diante da concorrência com a tecnologia, os alunos vão ter um incentivo a mais para a leitura”.

Profissionalização

Além deste projeto, o MPT destinou outro convênio para proporcionar formação em informática básica para até 30 alunos. Assim, serão incluídos os internos do Ceip e alunos da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), também da Escola Castro Alves. A carreta do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vai atender, in loco, duas turmas de 15 alunos cada, em cursos com duração de 20 dias, e também instalar dois pontos de acesso aos cursos de educação à distância nas instalações do Ceip Norte.

Conforme explicou a procuradora Cecília Santos, a programação foi elaborada de acordo com o tempo de cumprimento das medidas socieducativas, permitindo o início e fim da profissionalização dos participantes. “Concluindo toda a carga horária, vocês vão poder colocar no currículo todo o conhecimento adquirido. Quanto mais cursos fizerem, melhor para quando saírem”, falou aos adolescentes a procuradora.

Pesquisa

O projeto foi idealizado durante a pesquisa de doutoramento da defensora Téssia Carneiro, na linha que contempla a pesquisa sobre educação prisional do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) na UFT, sob orientação da professora doutora Valéria Medeiros, pesquisadora associada junto a Rede de Estudos Avançados em Leitura (Reler) e coordenadora do convênio com a Cátedra UNESCO de Leitura – PUC-Rio. Inclusive, o projeto vai integrar um mapeamento - cartografia da Unesco - que identificará ações que promovem o intercâmbio de desenvolvimento cultural e educacional para construção de uma ampla sociedade de leitores, tal qual a missão da Cátedra, que busca contribuir para a transformação da vida social através da leitura.