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BARRA DA GROTA

Detento tem um terço da pena reduzida trabalhando como padeiro

14 agosto 2019 - 09h52

“Não produzo apenas pães e bolos, mas novas perspectivas para a minha vida. Me sinto uma pessoa digna, mesmo estando preso”, declara Lucas da Silva Lima, 24 anos. Ele é um dos cinco reeducandos que trabalham na cozinha da Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota (UTPBG), em Araguaína, no Tocantins (TO), na produção de pães, bolos, tortas e salgados consumidos pelos próprios internos. O novo ofício ele aprendeu dentro da prisão, em 2018, em uma das três turmas do Curso de Panificação. Nesta segunda-feira (12), 15 novas oportunidades como as do Lucas começaram a ser oferecidas com o início da primeira turma de 2019 do curso na UTPBG.
 
Com carga horária de 180 horas, o projeto de ressocialização Fermento da Liberdadecompreende aulas teóricas e práticas seguindo as normas e procedimentos técnicos e de qualidade, segurança, higiene, saúde e preservação ambiental. Ou seja, além de aprender a planejar uma produção e fabricação, os reeducandos colocam, literalmente, a mão na massa e são responsáveis por produzir mais de 480 lanches todos os dias.
 
O principal objetivo do Curso de Panificação, conforme explica Suellem Carvalho Cândido, responsável pelos projetos de ressocialização na UTPBG, é capacitar e reintegrar os apenados ao mercado de trabalho, dando-lhes a oportunidade de uma nova perspectiva de vida quando conquistarem a liberdade. Para incentivá-los, há remição de um dia da pena a cada 12 horas de aprendizado. Alguns deles, como Lucas, ganham um terço de um salário mínimo, valor pago pela Polenta Alimentação, empresa terceirizada responsável pela cozinha e panificação da UTPBG. 
 
Antes do curso, Lucas não tinha noção alguma de panificação. Além de aprender a fazer bolos, pães e salgados, a oportunidade o ajudou a passar por essa fase difícil de reclusão. “Encontrei ali uma grande porta”, garante. Preso em 2016 por latrocínio (roubo seguido de morte), ele sairia da prisão apenas em 2033. Com as remições pelo trabalho de padeiro, no entanto, terá a pena reduzida cinco anos e deve receber liberdade em 2028.
 
Solteiro e pai de um filho, Lucas trabalhava como mecânico antes da detenção, mas não tem dúvidas quanto à carreira que pretende seguir após a liberdade. “Nunca imaginei que ia me identificar tanto com uma profissão. Me sinto bem como padeiro. Gostaria de fazer mais cursos na área para me aprimorar”, revela o reeducando.
 
O Curso de Panificação é oferecido pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), em parceria com a Embrasil Serviços, empresa responsável pela cogestão da unidade prisional, o curso é ministrado e certificado pelo Instituto Natura Vida (INA). Os alunos são escolhidos por uma equipe multidisciplinar composta por chefe de segurança, psicólogos e assistentes sociais, seguindo critérios como grau de periculosidade e alfabetização.