Quando analisado o nível de risco estrutural, o cenário chama atenção. - Crédito: ReproduçãoO Tocantins possui atualmente 1.247 barragens registradas no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). Os dados constam no painel da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e foram consultados nesta sexta-feira (19), por volta das 13h36.
Somente em 2025, 185 novas estruturas foram incluídas no cadastro. Apesar do crescimento no número de registros, não há nenhuma inspeção oficialmente lançada no sistema no Estado ao longo do ano.
RISCOS E CLASSIFICAÇÕES
Quando analisado o nível de risco estrutural, o cenário chama atenção. Na Categoria de Risco (CRI), que considera fatores como projeto, método construtivo e estado de conservação, 178 barragens do Tocantins aparecem classificadas como de alto risco.
Outras 526 estão enquadradas como risco médio, 55 como baixo risco e 434 não possuem qualquer classificação. Há ainda 54 estruturas marcadas como “não se aplica”, categoria prevista para barragens que só passam a exigir avaliação mediante decisão do órgão fiscalizador, conforme a Lei nº 14.066/2020.
DANO POTENCIAL
Outro indicador relevante é o Dano Potencial Associado (DPA), que mede as consequências de um eventual rompimento, independentemente da probabilidade de ocorrer. Nesse critério, 61 barragens no Tocantins são classificadas com alto dano potencial, o que indica risco de perdas humanas e impactos sociais, econômicos ou ambientais significativos.
Além disso, 99 barragens apresentam dano médio, 653 têm baixo dano potencial e outras 434 seguem sem qualquer classificação nesse quesito. Como os dados de risco e dano não são automaticamente cruzados no painel, não é possível identificar quantas estruturas concentram simultaneamente alto risco e alto dano, considerado o cenário mais crítico.
FALHAS DE INFORMAÇÃO
O painel nacional também aponta fragilidades na qualidade das informações cadastradas. Em relação à completude dos dados no Tocantins, cerca de 400 barragens possuem nível considerado ótimo; aproximadamente 100 estão em condição boa; outras 300 apresentam nível médio; mais 300 têm baixa qualidade de informação; e cerca de 100 possuem dados mínimos.
Na prática, mais da metade das barragens do estado apresenta nível médio, baixo ou mínimo de detalhamento, o que dificulta análises técnicas mais precisas e compromete o planejamento de ações preventivas.
CASO RECENTE ACENDE ALERTA
O cenário ganha contornos concretos após o rompimento parcial da barragem de uma pequena central hidrelétrica (PCH) ocorrido na manhã desta sexta-feira (19), em Ponte Alta do Bom Jesus, no sudeste do Tocantins.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do episódio. A investigação está sob responsabilidade da 103ª Delegacia de Polícia e busca identificar causas, possíveis responsáveis e eventual ocorrência de crimes ambientais ou riscos à coletividade. Uma perícia técnica especializada já foi solicitada.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 8h50. Segundo informações preliminares da 6ª Companhia Independente de Bombeiros Militar, a falha atingiu cerca de dois metros da crista da barragem, durante o fechamento do vertedouro. O rompimento é tratado, até o momento, como parcial.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram o avanço da água logo após o incidente, gerando apreensão entre moradores. Não há confirmação oficial de vítimas, danos a residências ou impactos ambientais, e a situação segue sob monitoramento, com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
