Palmas
33º
SUPERMERCADOS CAMPELO 2
Supermercados Campelo Agosto
"TRAGÉDIA ANUNCIADA"

Matéria do Fantástico mostra laudo técnico sobre queda da ponte JK

28 julho 2025 - 13h21Por Da Redação

Sete meses após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que ligava Aguiarnópolis (TO) a Estreito (MA), a Polícia Federal concluiu a perícia e identificou o excesso de carga como a principal causa da tragédia que matou 14 pessoas. Três vítimas continuam desaparecidas.

Participe do grupo do O Norte no WhatsApp e receba as notícias no celular.

ESTRUTURA ANTIGA 

O laudo técnico, obtido com exclusividade pelo Fantástico, apontou que o colapso foi causado pela deformação do vão central da ponte, construída na década de 1960 sobre o leito profundo do rio Tocantins. O vão de 140 metros era sustentado por concreto protendido, técnica considerada avançada para a época.

Com o tempo, no entanto, a estrutura não foi modernizada para acompanhar o crescimento da frota e do peso dos veículos que atravessavam a ponte.

REFORMA ANTIGA 

Segundo a perícia, a última grande reforma, realizada entre 1998 e 2000, pode ter comprometido ainda mais a estabilidade da ponte. As intervenções incluíram reforço lateral e nova camada de asfalto, o que alterou o peso e a dinâmica estrutural da construção.

Com tecnologia de ponta — como drones, scanners a laser e modelagem 3D — a PF concluiu que o colapso aconteceu em cerca de 15 segundos. O vão central caiu em menos de um segundo.

RELATÓRIO DE 2020 JÁ ALERTAVA 

Um relatório técnico encomendado pelo DNIT em 2020 já classificava a ponte como “sofrível e precária”, mencionando vibrações fora do normal e rebaixamento de 70 centímetros. Mesmo assim, a ponte continuou operando normalmente.

Em 2024, o governo chegou a tentar licitar uma nova reforma, mas a concorrência fracassou.

OMISSÃO E RESPONSABILIZAÇÃO

O delegado da PF, Allan Reis de Almeida, afirmou que o desastre era previsível. “Esse desastre foi anunciado. Era de conhecimento e plausível que acontecesse”, declarou. A Polícia Federal vai ouvir os responsáveis pela manutenção nos próximos dias.

O DNIT afirmou que a comissão técnica que apurou o caso já concluiu os trabalhos e enviou os documentos à corregedoria. O então superintendente do órgão no Tocantins, Renan Bezerra, foi exonerado em abril.

OBRA EM ANDAMENTO

A ponte antiga foi implodida em fevereiro. No mesmo local, uma nova estrutura está sendo construída, com orçamento de R$ 171 milhões. A nova ponte terá 630 metros — 100 metros a mais que a anterior — e contará com um vão central de 154 metros apoiado por pilares. A entrega está prevista para dezembro.

Enquanto a obra não é concluída, a travessia entre Tocantins e Maranhão continua sendo feita por balsas, com filas de espera que chegam a 10 horas. “Cheguei aqui meio-dia e só consegui passar às 10 da noite”, relatou um caminhoneiro.

FAMÍLIAS AINDA AGUARDAM RESPOSTAS

Entre os mortos estão Salmon, Alessandra e o filho Felipe, de apenas 10 anos, que viajavam de Palmas para o Maranhão. Apenas o corpo da mulher foi localizado. “É muito sofrimento para nossa família”, desabafou Maristelia Alves, parente das vítimas.

Para o diretor técnico-científico da PF, Roberto Monteiro Neto, a tragédia serve de alerta: “Se tivéssemos manutenção adequada e reavaliações periódicas da carga suportada, talvez isso pudesse ter sido evitado.”