O Ministério Público do Tocantins (MPTO) abriu um Inquérito Civil Público para investigar a criação e o funcionamento dos cursos de Medicina oferecidos pela Universidade de Gurupi (UnirG) e pela Universidade Estadual do Tocantins (Unitins). A apuração foi motivada por uma denúncia que aponta que as graduações estariam funcionando sem a autorização obrigatória do Ministério da Educação (MEC).
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DENÚNCIA PROTOCOLADA
A denúncia, protocolada em novembro, afirma que os cursos foram implantados com base em decretos estaduais e resoluções do Conselho Estadual de Educação (CEE/TO), sem a publicação de portarias federais no Diário Oficial da União — etapa exigida para que instituições públicas e privadas ofereçam Medicina no país.
Segundo o documento, as criações teriam ocorrido por meio dos seguintes atos:
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UnirG – Paraíso do Tocantins: Decreto nº 6.228/2021
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Unitins – Augustinópolis: Decreto nº 6.296/2021 e Resolução CONSUNI nº 012/2021
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UnirG – Colinas: Resolução CONSUP nº 009/2025
Mesmo sem portaria federal, todos aparecem no sistema e-MEC como “em atividade”, mas sem avaliações obrigatórias como Conceito de Curso, CPC ou IDD.
ESTRUTURA DEFICIENTE
O denunciante anexou documentos sobre as condições das instituições. Segundo ele, um relatório do MEC teria atribuído conceito 1 ao curso de Medicina da UnirG, apontando falhas como laboratórios inadequados, prédios improvisados e ausência de hospital-escola reconhecido. A avaliação, segundo a denúncia, indicaria descumprimento de requisitos mínimos previstos para o ensino médico no Brasil.
COMPETÊNCIA DA UNIÃO
A manifestação sustenta que apenas a União pode autorizar cursos de Medicina, citando:
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Constituição Federal
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Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
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Lei do Mais Médicos
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Diretrizes Curriculares Nacionais de 2025
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Decisão do STF na ADI 7187, que proíbe estados e municípios de autorizarem Medicina sem processo federal conduzido pelo MEC.
MP PEDE DOCUMENTAÇÃO
Com o inquérito instaurado, o MPTO requisitou ao CEE/TO cópia integral de todos os processos que envolveram criação, autorização, credenciamento e reconhecimento dos cursos investigados. Solicitou também:
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pareceres
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atas
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relatórios técnicos
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identificação dos avaliadores
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explicação formal sobre o entendimento jurídico que embasou a oferta dos cursos sem portaria federal
A promotoria destacou que a apuração é necessária devido aos “possíveis reflexos na formação acadêmica dos estudantes e na política de educação superior no Estado”.
SUGESTÕES DE DILIGÊNCIAS
O autor da denúncia recomenda que o MP também acione o MEC e o Inep, além de realizar vistorias presenciais nos campi. Caso irregularidades sejam confirmadas, pede que novas turmas sejam suspensas até que as instituições se adequem às normas federais.
PRÓXIMOS PASSOS
Com o inquérito em andamento, o MPTO aguarda o envio das informações solicitadas para definir novas medidas. As universidades citadas poderão se manifestar durante o processo.
As instituições ainda não se manifestaram oficialmente sobre a questão.


Campus da UnirG em Paraíso e Campus da Unitins em Augustinópolis - Crédito: Divulgação 


