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ENTREVISTA POLÊMICA

Influencer que engravidou de Irajá diz que senador a pressionou para fazer aborto

29 agosto 2021 - 10h45

Os repórteres Fausto Macedo e Rayssa Motta, de “O Estado de S. Paulo”, publicaram uma extensa reportagem na sexta-feira, 27, sob o título de “Influenciadora diz ter sido pressionada pelo senador Irajá Silvestre a abortar: ‘É uma coisa que muitas mulheres passam e a gente não tem que se calar’”.

Maria Eduarda Fermino, a Duda, de 27 anos, conta: “Estava com 15 semanas. Eu ia morrer. Acho que eu teria que fazer um parto, só que de um filho que não estava pronto para nascer”. O senador Irajá Silvestre, do PSD, filho da senadora Kátia Abreu, teria pressionado a jovem para abortar. Mas, com o apoio da família, ela acabou desistindo da ideia. “É uma coisa que muitas mulheres passam e a gente não tem que se calar. Eu fiquei calada esse tempo todo.”

A jovem, apesar de nomeada no gabinete de Irajá no Senado, não trabalhava lá. “Isso na verdade era para se aproximar de mim. Eu nunca cheguei a trabalhar realmente. Disso daí ficou inevitável, as mensagens, a insistência, e eu acabei me envolvendo com ele”, diz Maria Eduarda, uma garota bonita. Como não quis abortar, foi exonerada, “sem aviso prévio”. “Eu acho até que o que ele fez comigo foi uma forma de pressão, de exonerar, não ter ajudado… Pensando: ‘Ah, quem sabe assim ela desiste’. Acho que ele não contava que eu ia ter uma família que ia me apoiar.”

Sob pressão do senador para abortar, Maria Eduarda relata que praticamente se deprimiu: “Eu estava tão mal que eu não fazia nada além de chorar. Eu chorava dia e noite. Eu acordava para chorar e chorava para dormir. Não gosto nem de lembrar, porque foi muito difícil. Eu não comia, eu não dormia, eu não fazia nada além de chorar”.

Sem acompanhamento médico pré-natal, Maria Eduarda acabou desmaiando num supermercado. Estava com anemia. Os pais, que moram em Paraíso do Tocantins, foram convocados e, então, ficaram sabendo da gravidez. Deram apoio à jovem e não permitiram que abortasse.

Segundo o “Estadão”, o senador “Irajá teria tentado marcar o aborto com a ajuda de um amigo em Goiânia e em uma clínica de São Paulo”. “Eu senti dele muita frieza. No momento, eu não gostava da gravidez, eu não queria a gravidez, eu rejeitei essa gravidez por muito tempo também. Só que você está falando de uma vida”, afirma Maria Eduarda. “Duda contou que ficou balançada quando finalmente fez a ultrassonografia e ouviu pela primeira vez os batimentos cardíacos do filho. O medo de passar por um procedimento clandestino também pesou na decisão de ser mãe, somado ao apoio da família e ao acompanhamento psicológico que passou a receber”, relata o jornal. “Teve outra coisa que eu achei que foi muito sinal também: um amigo me mandou uma mensagem falando que uma amiga dele tinha acabado de falecer em uma clínica de aborto. Aí eu printei e mandei para ele [Irajá]. Eu fiquei super assustada. E ele falou que esse tipo de acidente podia acontecer até com procedimento estético e falou que era quando era feito de maneira irresponsável. Ele sempre tentava minimizar o assunto.”

Quando falou que não iria fazer o aborto, Irajá, segundo a reportagem, teria reagido mal, com grossura. “Ele falou que tinha gasto R$ 25 mil em consulta e exame. E ele fazia questão de ficar falando esse valor toda hora: ‘Eu gastei R$ 25 mil, agora você tem que vir’. Eu chorava no telefone. Queria por tudo que eu fosse e falei que não ia ter como. Aí ele começou a ser grosso. Falou que não era palhaço”, declara Maria Eduarda.

A advogada Gisele Proença assinala que sugeriu que Maria Eduarda revelasse a sua história: “Incentivei que ela contasse a história dela. É mais uma mulher que sofre de estelionato emocional durante a gravidez”.

Irajá conheceu o filho no dia 16 de agosto, “mais de 20 dias após o nascimento”. Registra o “Estadão”: “Eles se encontraram em um laboratório de Palmas para fazer o teste de DNA, cujo resultado positivo saiu na última segunda-feira, 23. ‘Nem olhou para o meu filho, nem teve a curiosidade de saber como era’, conta Duda sobre o encontro”.

Exame de DNA prova que menino é filho do senador Irajá

Com o filho nos braços, ela diz ter certeza de que fez a escolha certa. ‘Eu choro tanto lembrando de tudo isso, porque eu fico imaginando se eu tivesse ido, eu não ia ter meu filho agora. Hoje eu olho para o meu filho e eu passaria por tudo de novo para ter ele comigo. Só que não é fácil, não é fácil passar por tudo isso sozinha, eu não desejo para ninguém passar o que eu passei’.

O QUE DIZ O SENADOR?

O senador Irajá Abreu se manifestou sobre o assunto por meio de uma nota enviada pela sua assessoria de imprensa ao Estadão:

Além de envolver um assunto pessoal e o processo tramitar em segredo de justiça, as acusações são absurdas e mentirosas. Embora o resultado do teste de paternidade não tenha sido confirmado até hoje, o senador está dando todo o amparo à criança por meio do pagamento de pensão.