Mulheres extrativistas que vivem da coleta do coco babaçu no Tocantins relatam que a expansão da agricultura de larga escala, com desmatamento de áreas nativas e uso intenso de agrotóxicos, está reduzindo os babaçuais e dificultando a manutenção dessa atividade tradicional. O problema é mais crítico na região do Matopiba, que abrange Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia.
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DISTÂNCIA E DESMATAMENTO
No Bico do Papagaio, quebradeiras afirmam que antes as palmeiras de babaçu eram comuns nos quintais, mas agora precisam caminhar até dois quilômetros para chegar às áreas de coleta. O avanço de grandes lavouras de soja tem cercado os territórios extrativistas, dificultando o acesso e diminuindo a oferta de frutos.
AGROTÓXICOS
Outro desafio é a contaminação dos babaçuais pela pulverização de defensivos agrícolas aplicados nas plantações próximas. Segundo estudo da ActionAid Brasil, o uso de agrotóxicos compromete a saúde das palmeiras, reduz a produtividade do coco e coloca em risco a qualidade do produto, impactando diretamente a renda e a segurança alimentar das famílias extrativistas.
FINANCIAMENTO INTERNACIONAL
O levantamento aponta que grandes empresas do agronegócio, com apoio de bancos internacionais, financiam a expansão de monoculturas no Cerrado, intensificando o desmatamento e a pressão sobre comunidades tradicionais. No Tocantins, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) denuncia a falta de diálogo com essas empresas e a ausência de políticas públicas eficazes de proteção aos territórios extrativistas.
RISCO DE PERDER CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA
Casos de perda de até 70% da safra de 2024 foram registrados em áreas afetadas pela pulverização no Maranhão. A situação é semelhante no Tocantins, onde cooperativas enfrentam risco de perder a certificação orgânica, prejudicando a comercialização dos produtos derivados do babaçu.
QUEBRADEIRAS LEVAM DENÚNCIA À COP30
As quebradeiras se mobilizam para a 30ª Conferência do Clima (COP30), marcada para novembro em Belém (PA). As principais reivindicações são o fim do desmatamento e da pulverização aérea, garantia de acesso à terra e proteção dos babaçuais como patrimônio socioambiental.


Impacto é mais forte nas regiões do Matopiba - Crédito: Carolina Motoki


