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MEDO NAS RUAS

Onda de violência assombra moradores e comerciantes em Araguaína: cidadão preso, bandidos à solta

08 outubro 2019 - 13h30Por Redação

A onda de violência registrada nos últimos dias em Araguaína, norte do Estado, está deixando a população apavorada. Assassinatos e atentados, furtos, arrastões, assaltos em plena luz do dia estão se tornando rotina na cidade. Nossa reportagem ouviu moradores e comerciantes que falaram sobre o assunto cobrando iniciativas da segurança pública para amenizar a situação.

Nem na própria casa os araguainenses se sentem seguros. Uma moradora do Bairro São João que preferiu não se identificar comentou a sensação de insegurança: “A gente não pode mais nem ficar na porta de casa, esses dias roubaram o celular da minha filha quando ela chegava da escola. Que mundo é esse onde gente do bem tem que ficar presa em casa enquanto os bandidos ficam solto fazendo o que bem querem?” disse acrescentando: "O que o poder público está fazendo? Todo dia a gente vê desgraça, quantas pessoas ainda vão ter que morrer para o governo começar a agir?", questionou

Escola

As escolas também não são considerados lugares mais seguros. Em Araguaína, três casos recentes ganharam repercussão na mídia e redes sociais. No último dia 23, uma discussão entre alunos terminou com um estudante esfaqueado dentro de uma unidade escolar do setor Entroncamento. Apreendido, o adolescente de 15 anos que esfaqueou o colega disse que sofria bullyng. 

(Portal O Norte)

No início do mês em uma outra escola da cidade, localizada no Bairro de Fátima, um professor e uma mulher grávida foram assaltados quando chegavam na porta da unidade

No setor Barros, uma escola foi invadida na semana passada por uma dupla de assaltantes que entrou no anexo que fica em frente ao prédio onde os alunos estudam e anunciando um assalto levaram vários pertences de servidores. 

Rivalidade entre Facções 

A rivalidade entre facções criminosas também tem feito várias vítimas. De carro ou de moto e as vezes até em dois veículos para dar apoio, assassinos tem abordado e atirado em vítimas até no meio da rua motivados por vingança, acerto de contas entre outras questões. 

Um dos casos que chamou atenção foi o da jovem Michele Pereira Farias (22 anos) que no início do mês passado foi alvo de vários tiros no meio da rua. Segundo testemunhas, três mulheres em uma moto balearam a jovem. Além disso, um carro estaria dando suporte para as criminosas que fugiram logo depois do crime. Michele foi atingida por cinco tiros e ficou um mês internada no Hospital Regional de Araguaína (HRA), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na última sexta-feira (04). A família da jovem disse que ela tinha envolvimento com o grupo criminoso Comando Vermelho (CV) onde era conhecida pelo apelido de “Arlequina”. 

Tiroteio e morte também foi registrado no final do mês de setembro no setor Costa Esmeralda, quando um grupo de amigos estava indo para uma festa naquele mesmo setor e foram surpreendidos por bandidos armados que abriram fogo contra eles. Um morreu na hora, outro no hospital e outras duas pessoas foram baleadas. Testemunhas disseram que os assassinos saíram do local comemorando com um brado de "Comando Vermelho".

Na quinta-feira passada, dois amigos foram alvos de tiros quando estavam parados em um semáforo na Avenida Filadélfia. Segundo uma das vítimas que levou um tiro próximo ao pescoço, os autores se aproximaram perguntando se eles faziam parte de alguma facção criminosa e mesmo respondendo que não eles efetuaram disparos contra os dois. 

Essas foram apenas algumas das diversas ocorrências registradas na cidade do início de setembro até hoje. 

Comércio

O medo também afeta os comerciantes, muitos deles para se sentirem mais seguros usam grades de proteção para tentar evitar assaltos em seus estabelecimentos, como é o caso de um empreendedor que conversou com nossa reportagem. 

Dono de uma loja na Avenida Prefeito João de Sousa Lima, próximo à região da Feirinha, uma localidade considerada bastante perigosa principalmente por conta de ser conhecida como ponto de encontro de usuários de drogas, o comerciante que atua há mais de 15 anos na cidade afirma que seu estabelecimento já foi assaltado, furtado e por conta disso decidiu colocar grades nas portas e câmeras de monitoramento para tentar evitar outros episódios. “A gente aprende a conviver com o medo, mas é revoltante ter que passar por isso. Dando um duro danado, se esforçando e vem um bandido pra tirar nossa paz, o que a gente conquista com nosso suor”.

A dona de uma loja de roupas na Cônego João Lima, região central da cidade, que pediu para não revelar seu nome, disse à nossa reportagem que teve sua loja invadida e furtada dias atrás e já se preocupa com o final do ano quando o comércio precisa estar aquecido. "Aqui temos uma carência muito grande de segurança pública e da forma que está Araguaína o jeito é bancar segurança do próprio bolso e confiar em Deus, porque o poder público está deixando a desejar faz tempo". 

Aciara

Diante da insatisfação dos comerciantes, o Portal O Norte também procurou a Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara) que em nota afirmou que acompanha de perto todos os desdobramentos das situações de violência na cidade e como representante da classe empresarial araguainense, preocupa-se com o crescimento da criminalidade.

A entidade disse que mantém-se ativa junto aos órgãos de segurança pública, acompanhando as estatísticas oficiais e colaborando com projetos, sugestões e demais apoios às forças de segurança e destacou que o maior ponto de preocupação, que já vem de outros anos, é a questão do efetivo policial militar: "O aumento é essencial para reforçar o policiamento ostensivo e dar mais sensação de segurança à população", diz a nota.

A Aciara finalizou dizendo que continua cobrando as autoridades por "mais investimentos em pessoal, veículos e equipamentos que deem aos policiais civis e militares cada vez mais condições de desempenhar seu trabalho com eficiência e eficácia".

Força-tarefa

A única ação de reforço do poder público para combater a criminalidade na cidade nos últimos dias, teve início no final do mês de setembro, a força-tarefa que também visa dar celeridade às investigações de processos de crimes de homicídios em Araguaína. Ela está sendo coordenada pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil e já prendeu alguns suspeitos de envolvimento em mortes na cidade. 

Enquete

O Portal O Norte preparou uma enquete para saber sua opinião sobre a questão da segurança x violência em Araguaína. A enquete está logo abaixo da área de "Consulta com Especialista" na capa do site. Participe!