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DENÚNCIA

Pai se revolta após filho deficiente em surto ter socorro negado na porta do Regional

11 setembro 2020 - 18h15Por Redação

Um pai de família procurou nossa reportagem para denunciar uma situação de omissão de socorro na porta do Hospital Regional de Araguaína (HRA), no Norte do Tocantins. 

O taxista autônomo, Célio Almeida da Silva contou em entrevista que seu filho de 16 anos que sofre de problemas mentais e desde os 4 anos toma medicamento controlado, teve um surto na noite da última quarta-feira (09), momento em que ele acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que foi barrado na porta do hospital com o garoto dentro da ambulância: "Eles disseram que não tinha médico para atender meu filho", lembra o trabalhador que esperou por quase 2 horas que o menino fosse recebido na unidade, mas apesar da emergência ele não conseguiu dar entrada na ala psiquiátrica do HRA. 

"Agradeço a paciência dos profissionais do Samu que ficaram me ajudando a tentar controlar meu filho que estava muito agitado. Eles poderiam estar atendendo outra ocorrência mas continuaram lá com a gente", disse o pai que impaciente e revoltado com a situação, acionou a Polícia Militar mas mesmo assim não foi atendido. 

Pai chamou a Polícia Militar mas mesmo assim não conseguiu que o hospital recebesse seu filho. (Foto: Portal O Norte)

Ainda na porta do hospital, Célio desabafou: "Quero perguntar aqui para o poder público, o que acontece com as pessoas que têm necessidades especiais nesse Estado. A família tem que manter em casa amarrada, porque no Regional não tem médico pra atender? Vocês acham isso justo?" e acrescentou "Por que nós paga imposto e não tem médico pra atender o povo? Hoje vocês quer voto, vocês tão aí nas redes sociais pedindo voto pra que?"[sic].

Casado e tendo mais uma filha de 2 anos, ele não quis levar o filho de volta para casa no estado em que ele se encontrava e o garoto acabou sendo encaminhado pelo Samu para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi atendido por um médico plantonista. "Ele foi sedado e finalmente conseguiu dormir, assim pudemos voltar para casa", disse o pai já cansado explicando que a próxima batalha era conseguir marcar uma consulta médica.

Célio conta que a família tinha o suporte do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) do setor Santa Helena, mas há 8 meses ele não conseguia marcar uma consulta na unidade. "Falta de médico para atender pessoas como meu filho. Isso é um descaso!", reclamou afirmando que não tem condições financeiras para realizar consulta particular: "É muito caro pra gente, então dependemos da saúde pública infelizmente!", lamenta.   

O Portal O Norte procurou esclarecimentos do hospital e do município que é responsável pelo CAPS onde o garoto é acompanhado. 

O que diz a prefeitura 

Em nota, a prefeitura afirma que o Caps-2 está apenas com oficina em grupo suspensas por conta da pandemia e destaca que o local atende cerca de 500 pessoas e devido à grande demanda há consultas agendadas até novembro.

Sobre o caso do adolescente, o município alega que no último dia 24 de agosto ofereceu um "encaixe" para ele ser consultado, mas a família recusou. O município ainda ressaltou que em caso de surtos o paciente deve ser levado ao Hospital Regional de Araguaína (HRA), que tem especialistas de plantão para atender emergência. (Confira a nota na íntegra no final da reportagem)

Questionado sobre o assunto, o taxista explicou que no dia de encaixe oferecido, o filho já tinha uma consulta oftalmologista agendada e como ele havia começado a tomar um novo medicamento, a família tinha a expectativa de que o tratamento fosse positivo: "Ele sempre tem que trocar de medicamento porque vai tomando e vai perdendo efeito, tinha acabado de mudar e a gente tava esperando que desse certo mas ele acabou surtando", explica o pai. 

O que diz o Estado

Em nota encaminhada ao site, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, segundo a direção do Hospital Regional de Araguaína - HRA, a demora no atendimento do paciente citado se deu em razão da ausência injustificada de dois profissionais médicos, o que comprometeu o atendimento na Unidade Hospitalar.

A SES informou ainda que iniciou os procedimentos para apuração administrativa do referido caso, enfatizando que os profissionais, diretamente envolvidos na mencionada ocorrência, deverão responder por suas condutas.


Nota de Esclarecimento Prefeitura

NOTA PORTAL O NORTE – ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL GRATUITO

A Prefeitura de Araguaína informa que segue oferecendo acompanhamento médico, psicológico e terapêutico no Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps-2), suspendendo apenas as oficinas em grupo devido a necessidade de isolamento. O local tem cerca de 500 usuários e devido à grande demanda há consultas já agendadas até novembro, mas ofereceu aos responsáveis do paciente um encaixe emergencial, que não foi aceito.

Esclarece ainda que a última consulta do menino foi em 24 de agosto, quando foi mantida a prescrição do medicamento pois, segundo relato dos pais, o tratamento era positivo. Ressalta que em caso de surtos o paciente deve ser levado ao Hospital Regional de Araguaína (HRA), que tem especialistas de plantão para atender emergência.