Palmas
27º
Araguaína
25º
Gurupi
25º
Porto Nacional
27º
PANDEMIA

Pesquisa indica relação de casos graves de Covid com alguns tipos sanguíneos

07 abril 2021 - 12h09Por Meio Norte

Uma equipe de cientistas tem observado como proteínas do coronavírus Sars-CoV-2 fazem  interação com proteínas de células humanas antes de acontecer a infecção. Essa questão surgiu no início da pandemia e continua em aberto.

Também foi levantada uma questão: o coronavírus tende mais a ser mais perigoso para algum tipo sanguíneo do sistema ABO — O, A, B ou AB? Essa pergunta vem motivando dezenas de pesquisas como essa, que foi divulgada no último mês.

A resposta oferecida pela pesquisa, publicada em março na revista científica Blood Advances, foi a de que sim, o coronavírus mostra uma "forte preferência" em se ligar a proteínas que só o tipo sanguíneo A tem, particularmente aquelas presentes nas células respiratórias nos pulmões.

O mesmo não foi observado em células dos tipos sanguíneos B ou O, também avaliadas.

Segundos os autores, das faculdades de medicina de Harvard e Emory (EUA), o experimento demonstrou "conexão direta entre o tipo sanguíneo A e o SARS-CoV-2" e é uma "evidência adicional de que alguns tipos sanguíneos podem estar associados com um risco maior de contrair a doença".

Entretanto, cientistas entrevistados pela BBC News Brasil alertam que resultados como esse são preliminares e que não há consenso sobre a associação entre tipos sanguíneos e Covid-19. Portanto, ter um ou outro tipo sanguíneo não é motivo para desespero e menos ainda para descuido com medidas preventivas contra a doença.

A desconfiança de que a Covid-19 poderia se manifestar de forma diferente, a depender do tipo sanguíneo, veio em parte pelo fato de que algumas doenças demonstraram ser influenciadas por isso. Estudos já apontaram maior vulnerabilidade ou proteção de certos tipos sanguíneos a enfermidades como malária, hepatite B, AIDS, infecções pelos vírus Norwalk e pela bactéria H. pylori, entre outras.

Sars-Cov

E, mais importante, no surto causado pelo Sars-Cov — "parente" do Sars-CoV-2 — no início dos anos 2000, alguns cientistas encontraram evidências de que o sangue tipo O poderia ter um efeito protetivo contra o vírus. Isso foi reforçado pelo próprio estudo na Blood Advances do mês passado, que verificou em laboratório que o Sars-Cov tem a mesma preferência por células respiratórias presentes em pessoas do tipo sanguíneo A.

Sobre o Sars-CoV-2, a primeira grande evidência neste sentido veio em março de 2020, quando pesquisadores de instituições chinesas publicaram um artigo do tipo pré-print (sem a avaliação dos pares, um procedimento padrão de revistas de excelência, pelo qual cientistas independentes julgam um estudo) com dados de pessoas infectadas e tratadas nas cidades de Wuhan e Shenzhen.

A distribuição de pessoas por tipo sanguíneo neste conjunto de pacientes foi então comparada com um outro grupo, contendo um número de pessoas semelhante e vivendo nas mesmas cidades — só que elas não estavam infectadas.

O percentual de pessoas com tipo A foi maior no grupo de infectados do que na população "normal", enquanto o de pessoas com tipo O foi menor entre os pacientes com Covid-19. Além do risco de infecção, pesquisadores disseram também que o risco de morte era maior no tipo A e menor no tipo O.