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ESTUDO

Pessoas mal-humoradas e bagunceiras têm mais chance de ter demência na velhice

11 junho 2022 - 09h20Por R7 Notícias

Pode parecer estranho e ou até difícil de acreditar, mas um estudo da Associação Americana de Psicologia mostrou que pessoas mal-humoradas e bagunceiras têm mais chances de desenvolver demência na velhice. Em contrapartida, as pessoas organizadas e disciplinadas apresentam menor probabilidade de desenvolver comprometimento cognitivo leve à medida que envelhecem. 

A demência é caracterizada pela perda progressiva da capacidade de realizar tarefas rotineiras, além de comprometer a memória, a capacidade de aprendizado e de linguagem (declínio cognitivo). 

A pesquisa, que foi publicada no Journal of Personality and Social Psychology, analisou dados de 1.954 participantes de um estudo que acompanhou idosos que vivem na região metropolitana de Chicago, uma das maiores cidades dos Estados Unidos. 

A pesquisadora Tomiko Yoneda, da Universidade de Victoria, no Canadá, concentrou-se no papel que três características homanas que persistem até a idade avançada: a consciência, o neuroticismo, ou tendência a comportamento neuróticos e nervosos, e a extroversão. 

“Os traços da personalidade refletem padrões de pensamento e comportamento relativamente prolongados, que podem afetar cumulativamente o envolvimento em comportamentos e padrões de pensamento saudáveis e não saudáveis ao longo da vida”, disse Yoneda.

E, acrescentou: “O acúmulo de experiências ao longo da vida pode contribuir para a suscetibilidade de doenças ou distúrbios específicos, como comprometimento cognitivo leve, ou contribuir para diferenças individuais na capacidade de suportar alterações neurológicas relacionadas à idade.”

Os voluntários não tinham um diagnóstico formal de demência, foram escolhidos em comunidades de aposentados, grupos religiosos e instalações de habitação para idosos e estão sendo acompanhados desde 1997. 

Os participantes concordaram em passar por avaliações anuais de suas habilidades cognitivas e fora incluídos aqueles que responderam ao menos duas pesquisas cognitivas anuais. 

As pessoas com pontuação alta em consciência tendem a ser responsáveis, organizados, trabalhadores e direcionados a objetivos. Aqueles que pontuam alto em comportamentos neuróticos têm baixa estabilidade emocional e tendem a mudanças de humor, ansiedade, depressão, insegurança e outros sentimentos negativos.

Os extrovertidos se animam por estar perto de outras pessoas e direcionam suas energias para  o mundo exterior. Eles tendem a ser entusiasmados, falantes, assertivos e vivem bem em grupo, de acordo com Yoneda.

Os participantes que tiveram bom desempenho em consciência ou baixo em neuroticismo foram significativamente menos propensos a progredir de cognição normal para o quadro de demência leve. 

O estudo não conseguiu associar o desenvolvimento de demência leve às pessoas extrovertidas, mas os participantes que pontuaram alto em extroversão – assim como os que pontuaram alto em consciência ou baixo em neuroticismo – tendiam a manter o funcionamento cognitivo normal por mais tempo do que outros.

De acordo com Yoneda, estima-se que voluntários de 80 anos com alto nível de consciência vivam quase dois anos a mais sem comprometimento cognitivo em comparação aos com baixo nível de consciência. Além disso, os participantes extrovertidos mantêm a cognição saudável por aproximadamente um ano a mais.

Já, o alto neuroticismo foi associado a pelo menos um ano a menos de funcionamento cognitivo saudável, destacando os danos associados à experiência de longo prazo de estresse e instabilidade emocional. 

As pessoas menos neuróticas e mais extrovertidas são mais propensas a recuperar a função cognitiva normal após um diagnóstico prévio de demência leve.

Esse achado sugere que esses traços podem ser protetores mesmo depois que um indivíduo começa a progredir para demência.

No caso da extroversão, esse achado pode ser indicativo dos benefícios da interação social para melhorar os resultados cognitivos, apontou Yoneda.

A demência é uma condição multifatorial que, certamente, não depende apenas do comportamento ao longo da vida. Sabe-se que problemas de saúde, especialmente cardiovasculares, têm impacto significativo no desenvolvimento da doença. 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atualmente 55 milhões de pessoas vivem com demência em todo o planeta, das quais entre 60% e 70% têm Alzheimer.

Com o envelhecimento da população, estima-se que a demência poderá atingir 78 milhões de pessoas daqui a oito anos e 139 milhões até 2050.