Em 1996, com apenas 17 anos, dei os primeiros passos nos bastidores da política. Era um tempo em que o corpo a corpo, o palanque e o jingle no carro de som eram praticamente tudo que se tinha. Hoje, quase 30 anos depois, assistimos à maior revolução no modo de se fazer política: a ascensão das redes sociais como principal canal de influência sobre o voto.
Estamos caminhando para as eleições de 2026 e é urgente que os líderes entendam: a velha política de bastidores fechados e acordos em gabinetes já não resiste ao escrutínio das câmeras, das telas e, sobretudo, da opinião pública digital. O jogo mudou. E quem não se adaptar, ficará para trás.
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A seguir, compartilho algumas reflexões que podem ajudar você, líder, pré-candidato ou mandatário, a compreender a nova lógica que já está em curso.
POLÍTICO ENTENDE DE POLÍTICA, MAS NÃO DE TUDO
O político precisa ser um bom formulador de ideias, conhecer sua cidade, ouvir o povo e propor soluções. Mas é um erro pensar que ele deve saber tudo ou fazer tudo sozinho. Muitos ainda tentam centralizar a comunicação, a estratégia, as articulações e até as redes sociais. Isso é inviável e ineficaz.
O líder moderno é aquele que lidera um time. Ele entende de política, sim. Mas confia e valoriza quem entende das outras áreas que fazem sua campanha girar com precisão.
ESTRATEGISTA ENTENDE DE ESTRATÉGIA
Toda campanha bem-sucedida começa com uma estratégia clara. Isso envolve diagnóstico, definição de posicionamento, segmentação do eleitorado e planejamento de ações. O estrategista é como o arquiteto da vitória: vê o todo, projeta o caminho e ajusta o rumo conforme os ventos da campanha.
Não subestime o papel desse profissional. Ele não está ali para aplaudir, mas para apontar riscos e propor soluções que o manterão competitivo até o último minuto.
ARTICULADOR ENTENDE DE ARTICULAÇÃO
A política ainda é, e sempre será, o jogo das alianças. Mas até a articulação mudou. Hoje, é preciso dialogar com lideranças tradicionais e com influenciadores digitais. O articulador precisa ter trânsito, habilidade e, sobretudo, sensibilidade para enxergar onde estão os elos mais fortes da corrente que pode levar você à vitória.
Articular não é apenas pedir apoio — é construir pontes, manter conexões e gerir interesses com equilíbrio.
SOCIAL MÍDIA ENTENDE DE REDES SOCIAIS
Esse talvez seja o ponto de maior miopia entre os políticos tradicionais. A maioria ainda trata as redes sociais como um “panfleto digital” ou acha que basta “postar foto bonita com legenda de efeito”. Não basta.
O social media profissional entende de algoritmo, narrativa, frequência, timing e comportamento de audiência. Ele transforma sua presença digital em capital político, aproxima o eleitor e gera engajamento real.
Não é sobre estética, é sobre influência.
TODA LIDERANÇA É UMA EMPRESA COM PROPÓSITO PÚBLICO
Por fim, todo mandatário deveria se comportar como uma empresa cuja principal missão é servir. Isso significa ter planejamento, metas, equipe, prestação de contas, clareza de propósito e foco no cliente — no caso, o cidadão.
Quem administra seu mandato como se fosse uma missão empreendedora de transformação social, constrói legado. Quem governa com vaidade e improviso, constrói apenas vaidade passageira.
2026: A ELEIÇÃO DA CONSCIÊNCIA DIGITAL
As eleições de 2026 não serão apenas disputadas nas urnas, mas principalmente na percepção digital das pessoas. Emoções, valores, reputação e coerência serão monitorados em tempo real. A política agora se faz nos bastidores e nas bolhas da internet.
A pergunta que deixo para você, líder, é simples: você está pronto para liderar na era da transparência e da conexão total?
Se não estiver, ainda há tempo de se preparar. Mas lembre-se: o tempo corre mais rápido para quem não entende que o mundo mudou.
Tony Veras | Estrategista