Tony Veras
Da Redação
A eleição da Federação da Agricultura do Estado do Tocantins (FAET) que está prevista para acontecer no próximo dia 04 de maio tem gerado bastante polêmica. Na última sexta-feira, 08, foi o prazo final para o registro das chapas que disputarão a presidência e a disputa promete ser bastante acirrada entre a chapa comandada pelo atual presidente da FAET, Júnior Marzola e a da senadora Kátia Abreu que também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA.
O candidato Marzola que registrou 31 membros em sua chapa afirma ter o apoio de 21 votos e aponta que a eleição da senadora poderia prejudicar financeiramente a federação. Já Kátia Abreu que registrou sua chapa com 22 membros, limite mínimo permitido pelo estatuto da federação, em entrevista a outros veículos afirma contar com o apoio de 19 sindicatos rurais.
Contradições
Semana passada em coletiva a senadora negou qualquer possibilidade de composição com Marzola apontando o desinteresse das partes no acordo de candidatura única.
Marzola, em entrevista concedida ao Portal O Norte, rebate a colocação da senadora alegando que a proposta foi feita, porém a senadora recusou: “Ela não aceita, não quer discutir nem conversar. Fizeram reunião, sugeriram um terceiro candidato, mas a senadora fechou a questão: é ela, ela e ela”.
Marzola destaca que só decidiu disputar a reeleição da FAET, motivado pelo grupo que o apoia: “Eu na verdade nem seria candidato, mas acontece que o grupo que a gente tem não aceita esse tipo de intolerância (Falando ainda do posicionamento da senadora)”.
O presidente da FAET aponta em entrevista a falta de tempo da senadora para presidir a federação como sendo um fator negativo em sua candidatura e justifica: “Ela já é senadora, presidente da CNA tem várias obrigações a cumprir mas mesmo assim quer disputar” e acrescenta “Ela quer é poder político, um encosto no Estado depois ir embora e deixar o vice-presidente assumir. Essa é a realidade”.
Fator Impeditivo
Marzola ainda observa que “o fato de Kátia Abreu estar exercendo cargo político é outro sério fator negativo caso ela seja eleita presidente”, observa o Marzola, referindo-se ao que está previsto no artigo 299 do Código Penal em conjunto com o artigo 18, inciso 4°, da Portaria Interministerial N°127/2008, do Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda e da Controladoria Geral da União, que proíbe detentores de mandato eletivo de pleitearem recursos federais, estando à frente de entidades de classe.
O presidente ressaltou ainda que evitou a todo custo incluir políticos em exercício na sua chapa: “Vários políticos efetivos pediram pra entrar, tanto do lado da situação quanto da oposição. Infelizmente eu não pude colocar ninguém porque é um fator impeditivo”, explica.
Prejuízos financeiros
Relacionado às possíveis perdas financeiras que a federação poderá ter com a eleição da senadora Kátia Abreu, Marzola estimou que a FAET perderia mais de R$ 4 milhões já adquiridos através de emendas parlamentares.
Receitas e convênios
Questionado a respeito de recursos da FAET, marzola esclarece que oitenta por cento (80%) da renda da federação são frutos de convênios.
Para demonstrar a dificuldade de repasse de recursos quando um membro diretor está exercendo um cargo político, Marzola destaca que recentemente fez um convênio com o Governo Federal de um milhão de reais, através do Ministério da Agricultura, porém a federação foi impedida de recebê-lo: “Pelo fato de a senadora estar exercendo cargo político e ser vice em minha chapa, a Faet não pôde receber o recurso e eu tive que repassar esse convênio de outra forma para os sindicatos”.
No que diz respeito à receita anual da FAET, Marzola não soube comentar sobre valores, mas esclareceu que a arrecadação é dividida entre os sindicatos e alega que apesar da arrecadação ser expressiva “o que sobra para a federação sem os convênios é muito pouco”.
Possível reeleição
Tecendo sobre sua possível reeleição, Marzola é confiante em afirmar que sua chapa tem total condição de ser eleita: “Eu tenho a promessa de 21 votos e estou acreditando nesse número, até porque os que dizem me apoiar não têm motivo algum pra dizer que está do meu lado sem realmente estar” e completa “Eu não tenho interesses pessoais nesse resultado como Kátia. Meu interesse é de continuar representando minha classe, não de tomar pra mim a federação da agricultura, ninguém é dono de nada. Vamos enfrentar com tranqüilidade, com um bom nível de discussão”.