A investigação da Polícia Federal sobre operações envolvendo o BRB (Banco Regional de Brasília) e o Banco Master levou a instituição a reavaliar sua estratégia de expansão nacional. A revisão foi comunicada internamente pelo presidente do banco, Nelson de Souza, que afirmou a funcionários que a atual gestão analisa “como e se” o processo de crescimento continuará, diante da necessidade de dimensionar os impactos das operações sob suspeita.
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A reavaliação ocorre em meio ao esforço da nova administração para revisar contratos, reforçar a governança e analisar riscos regulatórios e reputacionais associados à atuação do banco fora do Distrito Federal.
ATUAÇÃO DO BRB NO TOCANTINS
No Tocantins, o BRB assumiu, em junho deste ano, a gestão da folha salarial do governo estadual. A contratação integra um movimento de ampliação da atuação do banco em outros estados, principalmente por meio de contratos públicos e licitações.
Além do Tocantins, o BRB venceu concorrências para administrar depósitos judiciais em estados como Alagoas, Bahia e Paraíba. Ao fim de março de 2025, a carteira de depósitos judiciais sob gestão da instituição somava cerca de R$ 25 bilhões.
AVANÇO E FECHAMENTO DE AGÊNCIAS
A presença do BRB fora do Distrito Federal se intensificou nos últimos anos. Em 2019, o banco mantinha agências em seis estados além da capital federal. Em junho deste ano, já estava presente em 19 estados.
Parte dessa expansão, no entanto, começou a ser revista. Em 2025, o banco fechou mais de 20 agências na Bahia, abertas entre 2021 e 2023, e colocou à venda o mobiliário utilizado nessas unidades, sinalizando uma mudança no ritmo de crescimento.
Em nota, o BRB afirmou que está focado na consolidação e fortalecimento dos negócios e que não há decisão ou processo em andamento para venda de ativos fora do Distrito Federal. A instituição informou ainda que os contratos em execução seguem mantidos e que novos negócios serão avaliados com base em critérios técnicos e regulatórios.
OPERAÇÃO COMPLIANCE ZERO
A reavaliação da expansão ocorre após a deflagração da operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que apura a compra de carteiras de crédito e de papéis do Banco Master com indícios de irregularidades. A negociação para aquisição de parte desses ativos foi barrada pelo Banco Central.
Com o avanço das investigações, o então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado e posteriormente exonerado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Nelson de Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, assumiu o comando da instituição.
Paralelamente, a nova administração abriu uma auditoria interna para reavaliar contratos de patrocínio firmados nos últimos anos. O banco não detalhou os motivos da apuração, mas informou que os contratos vigentes permanecem inalterados.
PATROCÍNIOS E VISIBILIDADE NACIONAL
A expansão nacional do BRB foi acompanhada por um aumento significativo nos investimentos em patrocínios. Em 2020, o banco firmou contrato anual de R$ 32 milhões para estampar sua marca na camisa do Flamengo, o que ampliou a visibilidade da instituição em nível nacional.
Desde então, o número de clientes cresceu cerca de 3,7 milhões. Os gastos com patrocínios passaram de R$ 7,2 milhões em 2019 para R$ 107,5 milhões no ano passado. Para 2025, a previsão é de R$ 125,8 milhões, dos quais R$ 82,3 milhões já haviam sido executados até o fim de setembro.
Apesar de a expansão ter sido um dos eixos centrais da gestão anterior, a atual direção indica que a prioridade, neste momento, é revisar contratos, fortalecer a governança e reavaliar o ritmo de crescimento do banco.


Revisão foi comunicada pela nova direção do banco após apurações da Polícia Federal e envolve contratos públicos firmados recentemente - Crédito: Divulgação 


